Trocar de treinador não é algo proibido. Todo contrato tem cláusulas que preveem a quebra por qualquer uma das partes.
Até por isso, a minha questão aqui não é nem a parte legal do negócio – hoje em dia, inclusive, a maioria dos técnicos que são demitidos acaba recebendo todos os valores acordados.
O que me deixa perplexo, porém, é a falta de conhecimento e paciência de dirigentes que ávidos por darem ‘respostas a torcida’ cometem barbaridades ao contratar e demitir.
Na primeira divisão do futebol brasileiro estão os melhores clubes do pais – pelo menos no momento atual.
Imagina-se que por esse status eles saibam o que estão fazendo e onde querem chegar. Como explicar, então, de maneira lógica e racional que quatro dos vinte clubes da Serie A do Brasileiro de 2020 já demitiram o treinador com apenas um mês de temporada? Eu não consigo compreender…
Falta entendimento processual de formação de equipe para quem está no comando diretivo. Vou repetir: não sou contra demitir técnico! Mas desde que haja minimamente uma base concreta para avaliação de que o trabalho está sendo mal feito.
Para começar, dirigentes verdadeiramente preparados buscam inúmeras informações antes de contratar. Ainda mais para um cargo tão estratégico como o de treinador. Ideias de jogo, metodologia de treinamento, relação com jogadores, gestão do ambiente, tudo isso entra – ou deveria entrar – em requisitos pesquisados por um dirigentes antes de assinar um contrato com um técnico.
E a não ser que haja um fato negativo muito fora da curva não há como fazer uma avaliação real e justa de um trabalho tão complexo com apenas um mês.
No mercado corporativo há um lema que diz: demore para contratar e seja rápido para demitir. Ou seja, pesquise muito antes de contratar alguém e tenha perspicácia para avaliar rapidamente se as coisas estão fluindo e se não estiverem troque rapidamente.
Trazendo esse pensamento para o futebol, temos um círculo vicioso só de rapidez tanto para contratar como para demitir. O problema é que a rapidez para demissões não se justifica por perspicácia e sim por analfabetismo de quem está com a caneta nas mãos.
ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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