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O treino para o jogo agressivo do Santos. Eis a lição!

Marcel Capretz, colunista esportivo

O Santos de Jorge Sampaoli tem deixado várias lições. O atual líder do Campeonato Brasileiro não chegou a esse posto por acaso. Continuo apontando que a equipe santista não é a favorita para levar o título nacional.

Só que tão importante quanto o resultado é o processo. Por mais contraditório que possa parecer isso, pelo viés resultadista da nossa cultura, o Peixe já quebrou paradigmas. Mesmo sem (e se não) ganhar nada.

Não vou me ater aqui a mentalidade ofensiva do Santos de Sampaoli. Isso já está claro desde os primeiros passos dele em solo brasileiro. É verdade que muita gente não entendeu no começo do ano, por exemplo, porque Vanderlei não era o goleiro ideal para o treinador argentino.

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Hoje, porém, ninguém contesta Everson, e suas saídas com os pés. Ou então as declarações dos atletas santistas estranhando o tal do ‘amor pelo balón’. O futebol brasileiro não é sinônimo de futebol arte?!

Pela reação dos jogadores santistas fazia tempo que um técnico não pedia para eles gostarem de ter a posse de bola.

Já evoluindo também da hoje rasa discussão de alguns aqui no Brasil de que a posse pela posse não quer dizer nada, no Santos ela é meio para um fim maior que é dominar os adversários.

E aí chego no ponto crucial desse texto: treinar, condicionar e preparar os jogadores técnica, tática, física e emocionalmente para esse tipo de jogo. Eis a grande diferença de Sampaoli para os demais.

Não assisto treinos. Até porque a maioria das atividades é fechada para a imprensa. Mas vejo todos os jogos do Santos.

E ali está uma equipe bem treinada. Jogadores que sabem exatamente o que fazer em todas as fases do jogo – com e sem a bola. Sampaoli é inquieto a beira do campo, mas seus atletas cumprem as respectivas funções não por conta dos berros – até porque creio que a maioria nem entende o espanhol dele.

Os atletas executam os seus movimentos porque estão condicionados para isso. E quanto mais elaborado é o conceito de jogo de uma equipe, mais as habilidades requeridas transcendem as técnicas e táticas e vão também para as cognitivas e mentais.

Por exemplo, para construir um padrão agressivo é necessário concentração o tempo todo. E de uma maneira geral os atletas aqui no Brasil se acostumaram a dar o famoso ‘migué’ no treino. Logo, se não está treinado não é comportamento. Dessa forma, não aparecerá no jogo. Não existe mágica!

Não quero aqui ficar exaltando Sampaoli, até porque reconheço que ele é da segunda ou até da terceira prateleira dos técnicos mundiais. Mas espero com o maior entusiasmo que esse legado de que treino é jogo e jogo é treino que ele está deixando se perpetue aqui no Brasil.

Quem sabe assim quando colocarmos frente a frente um jogo do Campeonato Brasileiro com um da Champios League não tenhamos mais a impressão de que a nossa partida está com a tecla da velocidade apertada no mais lento.

ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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