Como vimos, não foram os portugueses que descobriram o Brasil, mas os templários, sob o nome de Cavaleiros da Ordem da Cruz de Cristo.
Inácio de Loyola, cavaleiro desta ordem, participou da guerra de Pamplona (20/5/1521) contra os franceses e teve uma perna estraçalhada por uma bala de canhão, mas “como herói” suportou a dor ao ter a perna escarnada, serrado um osso sem anestesia, sem amarraduras, nem deu sinais de dor, a não ser por cerrar os punhos, “porque era devoto de S. Pedro” (Henrique Rosa, Os Jesuítas e Sua Ordem, 17).
O mesmo Rosa diz que Inácio viveu dubiamente entre a devassidão e o desejo de santidade, até que, numa noite, acordado, teve uma visão de “uma imagem de Nossa Senhora com o Santo Menino Jesus”, tornando-se num “soldado de Cristo, cavaleiro da Virgem Santa”, defendendo a pureza, obediência e amor (Idem, 19).
Loyola disse passar aquela noite (22/3/1522) orando, chorando e consagrando-se à milícia de Cristo, e no dia seguinte, castigou-se com mil penas e tormentos, cruéis provações, dormiu na terra fria, sem alterar sua saúde. Mendigava e sentia-se feliz com os maus tratos e injúrias que recebia.
Habitou numa caverna perto de Manresa onde recebeu tormentos e privações como favores do céu; sentiu as doçuras divinas e o langor da morte.
Aí apareceram uns anjos que lhe ensinaram a conduzir os homens mais rebeldes à submissão, à fé, à obediência e ao céu, fazendo-os como cadáveres nas mãos do cirurgião, como bengalas nas mãos do seu dono; ele escreveu e chamou tal ensino de “Exercícios Espirituais”.
Loyola relatou esses milagres numa assembleia dos Cavaleiros e conclamou-os a se unirem a ele para transformarem-se na Companhia de Jesus e não na Ordem dos Pedreiros Livres, como propunham os cavaleiros Francisco Burlamacchi, Beaumanoir e outros.
Desta reunião saíram Pedro Lefevre de Sabóia, Simão Rodrigues e outros quatro, que unidos a Loyola fundaram a ordem jesuítica. Essa conversão foi contestada por Ernesto Mezzabota.
O jesuíta Rosa disse, que após tal conversão ele agiu como soldado irado para matar um sarraceno, que duvidou da virgindade de Maria. Foi à Roma (1523) pedir aprovação para combater os judeus e muçulmanos na Terra Santa. Foi preso por ensinar doutrinas contrárias aos ensinos agostinianos sobre a graça irresistível.
Desde 1522, a Companhia esteve ensinando e subjugando com o ardor inaciano, foi abençoada por Paulo 3º em 1536, aprovada em 1540, pela bula Regimini Militantis Ecclesiae, com a ajuda de Contarini e do voto de obediência cega ao Papa.
Os jesuítas eram uma ordem política e militar mais do que religiosa, eram hábeis confessores, diplomatas, mestres e maquiavélicos; inimigos dos protestantes, de alguns padres de outras ordens e de alguns de sua própria ordem; depois de sugar os recursos financeiros e informativos de simpatizantes tratavam-nos como inimigos.
Além do voto de iniciado, votavam não tergiversar ou desculpar, ir a qualquer lugar, contra hereges ou a outra missão. Iam com a filosofia: “o fim justiça os meios”; e se levassem algum inocente à morte, iria ao céu, caso contrário sua morte seria justa.
Aproveitavam do dinheiro e do prestígio das damas e tiravam proveito dos confessionários. Enriqueceram-se com colégios, tinham enormes fazendas, latifúndios sustentados pelo trabalho escravo de índios e negros, tinham navios mercantes, mineração, eram, segundo Veit, “uma potência econômica”.
Os jesuítas eram hábeis intrigantes, penetravam nas cortes, enredavam com adulações ou, ameaças, obrigando a agir por suas indicações; não desprezavam o suborno, o punhal e o veneno. Loyola dizia: “para combater o demônio podia-se recorrer a todos os meios de que este se servia para perder as almas” Veit, Hist. Univ, 288.
Os “Exercícios Espirituais” determinam: estimar as relíquias, venerar e invocar os santos, fazer peregrinações, acender velas na igreja, comprar indulgências, fazer penitências; “devemos manter que o branco que eu vejo é preto, se a Igreja hierárquica assim o determina”; embora só se salve o predestinado, não se deve falar abertamente sobre isso para que não negligenciem as boas obras.
Com a ausência do Papa, o Concílio de Trento (1545-1563) foi quase todo liderado pelos jesuítas e deliberaram sobre as doutrinas, mesmo as opostas às tradicionais agostinianas, e sobre o terrível “Index” proibido (proibição dos livros tidos como prejudiciais aos ensinos jesuíticos).
ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim, professor de Filosofia, Ética e História
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