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Capital simbólico futebolístico

Marcel Capretz, colunista esportivo

Generalizações são burras. Restringem análises e revelam uma preguiça de ir mais a fundo. Não gosto de rotular nada. Cada caso é um caso. Sempre. Ainda mais neste espaço onde falamos de algo tão complexo que é o futebol. Mas passei este carnaval refletindo porque poucos treinadores jovens conseguiram fazer trabalhos consistentes e duradouros no futebol brasileiro recentemente. Oportunidades foram dadas. O que faltou então? Cheguei a conclusão de que o capital simbólico ainda faz a diferença na gestão do ambiente e isso é determinante para o triunfo de um treinador, especialmente aqui nos nossos clubes.

Sabe aquela horrível pergunta que ainda é feita quando algum cidadão de certo prestígio é colocado em xeque no Brasil: “você sabe com que está falando?”. Então no futebol ele pode ser traduzida em um questionamento quando algum profissional novo chega em um contexto diferente: “mas esse cara ganhou o que?”. Ou uma outra pergunta ainda mais genérica e até preconceituosa: “chupou laranja com quem?”. Tudo isso demonstra que o histórico de conquistas conta, que o passado de um treinador ainda é determinante para o presente e também para o futuro dele. Como se técnico bom fosse apenas o campeão. Pura bobagem simplista…

Um exemplo claro da importância do capital simbólico que tivemos agora no futebol paulista: o argentino Jorge Sampaoli chegou no Santos exigindo a contratação de um goleiro que soubesse ter uma boa relação com a bola usando os pés. Mesmo com Vanderlei sendo ídolo do santista. A diretoria do clube foi lá e o atendeu. Imagine, por exemplo, se André Jardine chegasse com um pedido parecido no São Paulo. Ele seria atendido? Como, se nem barrar os medalhões fora de forma ele conseguiu?!

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Nenhum treinador vai começar sua carreira ganhando tudo. O fracasso faz parte de qualquer processo de amadurecimento profissional. De minha parte, como imprensa, como formador de opinião, vou continuar avaliando trabalhos de maneira sistêmica e integrada, entendendo que o resultado é importante, mas não é tudo. E cabe aos jovens treinadores buscarem caminhos mais concretos que o levem a vitórias de maneira mais rápida para quebrar essa barreira inicial que existe. E aprender técnicas de liderança, comunicação e gestão de conflitos pode ajudar muito também. Contemporizar situações para se manter no cargo pode ser o começo do fim. E isso tem acontecido com muitos deles…

ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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Jornal O Semanário

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