ColunistasLeondenis Vendramim

Bíblia sem preconceito – 2

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História

A Bíblia é o livro mais lido, mais traduzido. Diocleciano (304 d.C.) decretou a queima da Bíblia, a morte do cristianismo, 20 anos depois o governo romano financiou a edição de 50 bíblias; os gregos Luciano (séc. 2 d.C.) e Porphyry (séc. 4 d.C.) tentaram destruir a sua credibilidade, mas com a helenização a Septuaginta disseminou as Escrituras pelo mundo; Voltaire (1694-1778) predestinou o desaparecimento da religião e das Sagradas Escrituras em 100 anos; findando os 100 anos, a editora e a casa de Voltaire foram compradas pela Sociedade Bíblica de Genebra aumentando a produção da Palavra de Deus; Friedrich Nietzsche (1844-1900) sentenciou a morte de Deus na “Gaia Ciência”; um gaiato escreveu: “Nietzsche morreu, assinado: Deus”. Deus afirma que o homem passa rápido como a erva, mas a Sua Palavra dura eternamente (Is 40:7-8). A Bíblia não é um livro comum, “nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação… jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, mas homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” 2 Pe. 1:20-21. Ela veio de Deus, “Toda Escritura é inspirada por Deus” (2Tm 3:16). Entretanto a Escritura Sagrada contém o cunho humano porque a ideia de Deus foi revelada aos homens santos por meio de sonhos e visões (Am 3:7; Dn 10:7-8), e eles escreveram com suas palavras limitados por sua cultura e sua língua. A Bíblia tem atravessado milênios, suplantado criticismo em todas as eras, mostrando-se tão atualizada como se houvesse saída do prelo hoje, tão veraz e útil. A Escritura foi útil aos antepassados, e sem perder seu viço e sem ser antiquada continua sendo útil para os leitores que desejam uma vida melhor.

A palavra grega “cânon” significa regra de conduta, norma revestida de autoridade, designa a coleção de livros bíblicos reconhecidos como padrão de fé e prática. S. Paulo usou a palavra neste sentido (Gl 6:16); Orígenes 185-254) e Athanasius (293-373) e os reformadores tinham os livros bíblicos como regras de fé. Os 39 livros escritos antes de Jesus foram selecionados por Esdras e Neemias (séc. 5 a.C.); é o Cânon do V.T. (Velho Testamento). Os massoretas, eruditos judeus preservaram a originalidade da Escritura. O Cânon do N.T. é composto pelos 27 livros e epístolas, foi reconhecido por Orígenes e Athanasius como canonizados desde o séc. 3. Paulo fazia que suas cartas fossem lidas pelas igrejas (Cl. 4:16), o Apocalipse circulava pelas igrejas no séc. 1 (Ap 2 e 3).

Deus nos deu o Livro Sagrado porque nos ama, deseja que sejamos felizes, saudáveis, que por Suas declarações, reconheçamo-Lo como o Criador do céu estrelado, do Sol que nos aquece, das flores e frutos perfumados, do arco-íris da promessa… (ver Ro 1:19-20). A Bíblia também nos diz que Jesus veio a este mundo para ser “a expressa imagem de Deus” (Hb 1:3); “Quem vê a Mim vê o Pai” (Jo 14:9). Jesus é a Palavra, o Deus encarnado (Jo 1:1-4), na cruz Se mostrou o Deus que nos ama. As Escrituras “podem tornar-te sábio para a salvação”; é útil para ensinar; corrigir, educar, e habilitar o homem para boa obra (2 Tm 3:15-16). É Guia seguro, luz para este mundo tenebroso (Sl 119:105).

Durante o reinado de Ptolomeu II (285 e 247 a.C.) 72 sábios judeus, em 72 dias, traduziram o Pentateuco para o grego a fim de facilitar aos judeus dispersos que usavam a língua grega. Essa tradução é chamada Septuaginta conhecida por LXX. Cada erudito produziu uma cópia independente dos demais, confrontando-as. Não sabemos quando, mas a tradução do V.T. foi completada. Jerônimo de Estridão, (séc. 4) traduziu o V.T. diretamente do hebraico e o N.T do grego para o latim, chamada Vulgata Latina (Popular Latina). A esta tradução, foram acrescidos 7 livros e alguns versos ao livro de Daniel, considerados apócrifos, ou, não inspirados, traduzidos por Jerônimo. Foi oficializada em 1546, pela Igreja Católica, no Concílio de Trento. Em 1382 John Wycliff fez a primeira tradução da LXX para o inglês. Em 1522 Erasmo publicou o N.T. em inglês. Entre 1525 e 1534 Wiliam Tyndal editou sua tradução do hebraico e do grego para o inglês. Por ordem de King James I, 50 sábios traduziram para o inglês, é a mais impressa em inglês (2 traduções para o português). Em 1534 Martinho Lutero traduziu para a língua alemã; em 1560 surgiu a Bíblia de Genebra. A tradução de Padre João F. d’Almeida, de 1681 só surgiu em 1748. Atualmente há muitas traduções. O importante é que cada um leia sabendo que é mensagem de Deus para vivermos melhor, termos sabedoria e para nossa salvação. Boa leitura!

ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História
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Jornal O Semanário

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