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Curiosidades: crença e atitudes dos Jesuítas II

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História

Alguns historiadores não confiavam na conversão de Loyola e mesmo o jesuíta Henrique Rosa disse sobre o ardor vingativo do chefe jesuíta após sua “conversão” contra os muçulmanos (Do Im. à Sta. Inq., 120). Os ensinos do “Exercícios Espirituais” eram o reflexo de seu caráter: crueldade contra árabes, judeus e protestantes. Por seus ensinos, seus seguidores tornaram-se participantes e incentivadores da cruenta inquisição. Ele mesmo, assim como o Padre Antônio Vieira, foi em 1527, investigado e perseguido pela famigerada Inquisição por heresia – diferia da graça agostiniana. Desde então os jesuítas tornaram-se inimigos dos dominicanos (Valentim Veit. Hist. Univ., v.2, p. 290) Fundada em 1522, na reunião dos templários, a Companhia de Jesus só conseguiu a aprovação do Papa Paulo 3º em 27/9/1540, com a bula “Regimini Militantis Ecclesiae”, por intervenção do Cardeal Pedro Contarini, clérigo influente de Veneza e diante do voto de terem “obediência cega ao Papa e ao Chefe da Companhia de forma incontestável” (Idem, 121). A Ordem seria independente da hierarquia, composta por padres livres, não enclausurados, mas ativos nos diversos seguimentos da sociedade. Havia clérigos contrários como o influente Cardeal João Pedro Carafa, que mais tarde assumiu o papado com o nome de Paulo 4º, um dos mais cruéis inquisidores, chamado de santo pelo jesuíta Henrique Rosa, era colérico e repulsivo, segundo Owen Chadwick (A Reforma, 266)! Foi desse papa a ordem para publicar o Índex de livros proibidos (Idem, 267).

A Companhia de Jesus era uma espécie de milícia sob a bandeira da Cruz para servir ao Senhor e ao seu vigário na Terra (Os Jesuítas, 39). Os jesuítas eram políticos e militares, diplomatas soberanos, confessores, diz Veit. Praticavam o maquiavelismo, os dissidentes eram inimigos e os que os favoreciam também eram, ambos, depois de tirar-lhes as posses e informações, deviam ser extintos. Tinham por objetivos o enriquecimento e fortalecimento da Ordem e do papado, a catequese, a inquisição (isto foi a Contra Reforma).

Entre seus votos e confissões dizia que todos os fiéis cristãos estão sujeitos ao papa, vigário de seu Cristo, e que para sua mortificação ligar-se-iam ao papa com outro voto especial de executar as ordens do Pontífice Romano nas índias, aos hereges ou cismáticos, sem tergiversar e sem desculpas, e a quaisquer que sejam os infiéis (Do Im. à Sta. Inq., 123-124). Para alcançar tais objetivos lançavam mão da filosofia peculiar: “os fins justificam os meios”, isto é para se alcançar um benefício pratica-se a mentira, o roubo, o assassinato, etc. “O próprio Loyola dizia que para combater os demônios (leia-se: “os diferentes” e os contrários) podia se recorrer a todos os meios” (Ibidem). Inácio conseguiu a inteira submissão das classes inferiores e das damas nobres; aproveitava do dinheiro e prestígio delas. Enriquecidos, possuíram colégios, fazendas enormes, navios mercantes, muitos escravos, negros e índios, eram como diz Veit “uma potência econômica” (Hist. Un., V 2, ps 288 e 289). Tinham regras drásticas de obediência cega, castidade e pobreza, além de submissão passiva, como se fossem “um corpo morto nas mãos do cirurgião” ou ”uma bengala nas mãos dos superiores”, às suas vozes “como se saíssem de Cristo, e se a Igreja definir que alguma coisa é preta, quando aos nossos olhos é branca, devemos de qualquer forma afirmar que ela é preta” (Henry Bettenson. Doc. da Ig. Cr., p 294-296). Segundo Mezzabbotta Loyola ensinava ao povo a submissão pelo medo, a dominar os jovens pelos colégios, as consciências pelos confessionários, os penitentes pelo rigor, converter pelo terror ou matar, combater a heresia. O medo que os padres jesuítas causavam era “sinal de sua superioridade” (Ernesto Mezzabotta. O Papa Negro, 26). Intelectualmente preparados, espalharam-se pelo mundo, infiltraram-se em todos os seguimentos da sociedade prontos para agir, bastando uma ordem de seu superior. São vistos como instigadores do massacre de S. Bartolomeu (1572), bem como da guerra dos 30 anos (1618-1648). Segundo o historiador E.A. Kominsky, os jesuítas não tinham escrúpulos, usavam da adulação e do suborno tanto quanto do punhal e do veneno (Hist da Id. Média, 189). “Os fins justificam os meios”!!??

ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História
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Jornal O Semanário

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