Editorial

Editorial – Eu fico triste alegre!

É tanta coisa boa e ruim acontecendo ao mesmo tempo, que nos vem à memória a música da banda Xikarerê: ‘eu fico triste alegre’, resumindo o atual sentimento da população. E como diria o narrador esportivo Galvão Bueno: ‘haja coração’ para aguentar tantos altos e baixos proporcionado pelos políticos e autoridades nos últimos tempos.
De um lado o Governo Federal abriu mão de alguns impostos, reduziu tarifas da energia elétrica e anunciou que a conta de luz ficará mais barata em 2013. Que ótimo! A promessa é que a economia brasileira ficará mais competitiva. Tomara que todos ganhem.
Enquanto isso, as prefeituras municipais passam um verdadeiro ‘perrengue’ para quitar seus compromissos e fechar as contas no final do ano. Nessa corrida para que os administradores não caiam na Lei de Responsabilidade Fiscal, sobra mais uma vez para a população, que tem os serviços básicos cortados, atraso de pagamentos a fornecedores e por aí vai. Rafard é um dos exemplos, onde os estudantes tiveram o auxílio transporte cortado e os remédios de alto custo fornecidos pela Assistência Social também, sem dizer da situação do asfalto – buracos e valetas – que não veem a cor e nem sentem o cheiro da massa asfáltica há mais de um ano. Em Mombuca a situação também não é das melhores, no último mês cerca de 20 funcionários comissionados da Prefeitura foram dispensados e os funcionários públicos municipais não recebem cesta básica há 5 meses.
As justificativas dos governos municipais são as mesmas: ‘queda na arrecadação municipal e redução do repasse do Governo Federal’. Ora, então quer dizer que o Governo dá com uma mão e obriga os municípios a tirarem com a outra? Triste realidade. Só não vê quem não quer!
Em Capivari, duas ótimas novidades nos deixaram feliz. O presidente do Capivariano Futebol Clube declarou que a equipe poderá disputar a Séria A2 do Campeonato Paulista em 2013, mesmo sem a construção das arquibancadas de alvenaria. Porém, arquibancadas tubulares – as mesmas alugadas este ano pela Prefeitura – deverão ser instaladas até o final de outubro no estádio municipal “Carlos Colnaghi”, passar por vistoria e aguardar liberação da Federação Paulista.
Na manhã de quinta-feira (13), a notícia mais cobrada e aguardada do ano, a diretoria da Santa Casa de Misericórdia de Capivari anunciou durante coletiva de imprensa, que reativará a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no dia 30 de outubro de 2012. O local que está fechado desde março de 2011, passará por reformas e deverá abrir dez leitos para pacientes do SUS e três para convênios particulares. Essa sim é uma grande notícia que nos deixa alegres e eufóricos, mas ao mesmo tempo, coloca em pauta a discussão: o que aconteceu com a entidade durante todos esses anos que quase foi à falência? Por que tantas dívidas e tanto déficit mensal? O povo merece explicações mais claras e transparentes. De momento, parabéns à nova diretoria, que com um choque de gestão, vem mostrando trabalho e para que veio.
Agora falando em tristeza, não resta dúvida de que a sociedade brasileira está saturada há muito tempo com os modelos de campanhas eleitorais, cheios de promessas vazias, de mundos e fundos, que todos sabem que não serão cumpridas e que todos esquecem rapidamente.
Infelizmente um vício de mão dupla: se o candidato não promete e mostra projetos realizáveis apenas, não será eleito, então faz promessas mirabolantes sabendo que não cumprirá. Já o eleitor vota nos gurus para, depois de consolidados nos postos, alegar que foi enganado pelas promessas.
O histórico entre o ‘tudo que será feito e quase nada realizado’ é antigo, mas o eleitor continua fingindo e deixando se fazer enganar. Algumas condutas tornaram-se clichês que hoje virariam verdadeiros sucessos na internet. O mais destacado seria a tal da dentadura em duas metades, uma antes e outra depois da eleição. O par de sapatos entregue nas mesmas condições seria outro, pé direito para garantia, pé esquerdo depois de confirmado o voto.
Existe um inconsciente coletivo em todo o país de que somos uns pobres coitados, vítimas eternas dos políticos, gestores, e até dos pretendentes a esses cargos. Compra e venda de votos, todos têm um conhecimento empírico dessa prática. Como tudo que é ilegal, ninguém passa recibo, e quando entrega não vem com a indicação da mercadoria correta.
Acompanhando os horários eleitorais, percebemos que a maioria dos candidatos defende causas genéricas e redundantes, porque ninguém em sã consciência seria contra, mas poucos têm alguma ideia inovadora. ‘Sou João da Silva, lutarei pela educação de qualidade’; ‘sou Zé da Perua, defenderei as causas dos perueiros’. Assim se dissemina a cultura de falar bobagens com base nas pesquisas de que elas alcançam público e votos. Triste, muito triste é saber que passaremos mais quatro anos tendo que chama-los de ‘excelentíssimo’ ou ‘digníssimo’, palavras que massageiam o ego de pessoas que são pagas com o ‘nosso dinheiro’ e estão ali simplesmente para nos representar, fiscalizar e propor ideias úteis, que acarretem no desenvolvimento do município.
Certo é que políticos e campanhas nesse padrão só existem pela mesma razão que existem as baixarias na televisão, onde muita gente aceita e dá retorno. Assim como só o traficante é execrado – eles são crias dos usuários, também só existe o explorador e comprador de voto porque tem uma vasta clientela faminta de benesses e favores.
Eu fico triste, mas ainda tenho esperança que um dia, a gente possa ser feliz… não importa o quanto tempo demore!

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo
Abrir bate-papo
Olá
Podemos ajudá-lo?