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Curiosidades: crença e atitudes dos Jesuítas

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História

A criação sempre mostra o cunho de seu criador. Pela natureza podemos conhecer o caráter de Deus: poder, amor pelo belo, poder criativo, capacidade intelectual… Pela construção conhece-se o caráter e as capacidades do construtor. As construções góticas tinham os nomes de seus construtores exibindo seu caráter. Estudando as obras, as crenças, o relacionamento social, podemos conhecer a índole da “Companhia de Jesus” e do seu fundador. Vamos citar algumas curiosidades sobre suas crenças e ações.

“O Cônego Pinheiro Fernandes conta que ao nascer Santo Inácio de Loyola, seus pais discutiam junto ao berço, que nome dariam ao filho. Então a criança que “acabara de nascer, abriu a sua boca, e pronunciou com voz clara e distinta ‘Iñigo de Loyola é meu nome’, o pequenino juntou: ‘Façam um anagrama e encontrarão: o Ignis a Deo illectus’ – o fogo atraído por Deus” (Do Imaginário à Sta. Inquisição, 115). De estirpe nobre, deu-se à vida de corte em Arévalo, junto Juan Velasques, amigo de seu pai. Depois teve educação mundana, cheia de aventuras amorosas, fascinado pelas glórias militares, dedicou-se ao exército. Inácio era de caráter violento, apaixonado, pronto para a desforra, arguto, continuamente envolvido em brigas de rua, em lutas de espada e perigos.

O Padre Jesuíta Henrique Rosa relata que numa noite (29/02/1515) Inácio tomou parte numa facção chefiada por seu irmão Pedro, também padre, pretendente ao curato de São Sebastião, contra outro sacerdote chamado Anchieta (não o poeta no Brasil). O Santo esteve envolvido em atos de violência, crimes contra pessoas e por isso procurado pelas autoridades. Recorreu então ao tribunal eclesiástico para conseguir menos rigor do que no tribunal de Pamplona, Espanha (sua terra natal). Alegou a tonsura (um disco rapado no couro cabeludo – símbolo do sacerdócio), no que foi ridicularizado devido à sua cabeleira longa, vestes xadrez muito coloridas e boina, além de portar espada, couraça e outras armas como “um bizarro cavaleiro do século 16¨ (Os Jes. de sua origem aos nossos dias, 16). Ele era um “misto de nobreza e crueldade, de futilidades e heroísmo” (Ibidem).

Participou da guerra de Pamplona contra os franceses em 20/5/1521, dia em que foi ferido por uma bala de canhão (exagero?). Com erro do cirurgião teve de submeter à nova cirurgia para desunir os ossos esticando a perna, com a tíbia exposta, “não havia outro meio senão serrá-la escarnando-se cruelmente. O fidalgo para não coxear e perder a elegância suportou todas as torturas com impassibilidade de um estoico, recusou ser amarrado nem que o segurassem, não tremeu nem deu sinal algum de dor, a não ser um apertar de punhos… Talvez por ser devoto de S. Pedro, Deus permitiu o seu restabelecimento, quando todos esperavam pela sua morte” (Idem, 16 e 17). Resolveu deixar as armas e tornar-se “um cavaleiro da Virgem Santa”, contra as hostes infiéis, desobedientes e separatistas hereges.

Segundo Mezzabotta, Inácio, um dos sete Cavaleiros, expôs na assembleia da ordem templária, que ele passou uma noite orando e chorando e no dia seguinte “Amparado por uma força sobre-humana, castiguei meu corpo com mil penas e tormentos, impus-me às mais cruéis provações sem que nada pudesse alterar minha saúde de ferro” (Do Im. à Sta. Inq., 119). Depois passou a morar numa gruta próxima à Manresa e continuou com suas penitências, recebeu tormentos, privações e também as doçuras do êxtase divino e o langor da morte. Aí, apareceram-lhe anjos que lhe ditaram o chamado “Exercícios Espirituais”, manual que ensina “como dirigir os homens à obediência” (Ibidem). Apelando ainda para que os cavaleiros se tornassem a Ordem dos Jesuítas e não a dos Pedreiros Livres (Maçonaria) como propunham outros cavaleiros. Os primeiros cavaleiros a segui-lo foram: Pedro Lefreve, Francisco Saveiro, Jacobo Laynez de Almazar, Alfonso Salmeron, Nicolau Afonso, Simão Rodrigues. Com estes Inácio de Loyola fundou a Companhia de Jesus. O historiador Mezzabotta não acreditou na conversão de Inácio e nisto é corroborado pelo historiador jesuíta Henrique Rosa (ver Os Jesuítas, de sua origem aos nossos dias, p. 19).

ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História
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Jornal O Semanário

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