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Tratamento para usuários de álcool e outras drogas

23/02/2018

Tratamento para usuários de álcool e outras drogas

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA

ARTIGO | Nem todos que usam álcool, tabaco ou drogas vão se tornar dependentes químicos. Além disso, quanto mais tarde for a experimentação, menos risco de se tornar um adicto (literalmente, um “escravo” – de cigarro, álcool ou outras drogas).

As pesquisas mostram que um em cada dez pessoas que usam álcool vai desenvolver a doença (o alcoolismo); cada oito que experimentam a maconha, cinco que usam cocaína, e três que experimentam o cigarro, vão se tornar consumidores compulsivos.

Já o uso do crack não tem esse limiar “baixo”: com poucos dias de uso, a pessoa já se torna dependente da droga. E quanto mais cedo experimenta, mais grave a complicação.

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Se inicialmente o uso recreativo de drogas é um comportamento voluntário, com o uso prolongado dispara no cérebro um dispositivo mental que parece “ligar-se”: quando é “ligado”, o indivíduo entra em estado de dependência, caracterizado pela busca e consumo compulsivo e obsessivo da droga.

Se em sua família está havendo alguma ocorrência de uso por crianças ou adolescentes, não dramatize o fato. Procure, primeiro, ter certeza do que está ocorrendo. Converse com seu filho ou com a pessoa sobre as razões que a levaram a isso. Não a estigmatize. É sugerido não ficar recriminando ou procurando culpados. Costumamos transferir a responsabilidade pela iniciação dos nossos filhos em álcool ou drogas para seus amigos, o que não é plenamente verdade.

Tratar o adulto já é difícil, porque nem sempre se encontra uma clínica ou comunidade com equipe de profissionais capacitados e com procedimentos recomendáveis (o que vemos hoje é muito depósito de gente…); mas é mais difícil ainda com menores.

Algumas instituições de tratamento são especializadas em doenças psiquiátricas, e não em dependência química; muitos profissionais, psiquiatras e psicólogos, também não são especialistas, então o tratamento vai ser “meia-boca”, como se diz vulgarmente. O paciente passa trinta ou mais dias internado e volta ao consumo de sua droga de escolha ao sair na rua, sem ter um acompanhamento adequado (o pós-tratamento).

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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