Leondenis Vendramim

Ética 3

10/03/2017

Ética 3

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Leondenis Vendramim/Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Leondenis Vendramim/Arquivo pessoal)

ARTIGO | Vimos anteriormente que uma pessoa ética é de caráter nobre, bondosa, que não grita com os outros, prima pela saúde, domina-se diante de agressividades, etc. Amor é a base, o fundamento da moral. Deus é a fonte do amor. Atitudes benevolentes, gentis, e de autodomínio podem ser praticadas sem amor, mas é fortuita e quase sempre tem objetivos de reciprocidade. São ações desvalidas. São Paulo explicita: “Ainda que eu distribuísse toda a minha fortuna para o sustento dos pobres… e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (1 Cor. 13:3). Qual é o valor de uma filha que beija carinhosamente seu pai esperando que ele lhe dê algo em troca? Ou alguém que ajude aos pobres porque será recompensado? Qual o valor moral de um moço carinhoso, que declara amor a uma jovem esperando que ela lhe seja permissiva? O amor deve ser a base característica das ações éticas.
Há quatro palavras gregas para expressar as variedades do sentimento amor: filia (filia) é amor pra com amigos, animais e objetos. Exemplos: filantropia (compaixão pelos humanos), filarmonia (amor pela harmonia), filosofia (amigo da sabedoria), Teófilo (amigo de Deus); storges (storgés) é um amor de pai para filhos.
Eros (erós) amor entre homem e mulher- sexual ou apenas romântico – o platônico. Agape ( agape) é o amor superior, divino e também o amor de mãe.
Amor é muito diferente de paixão, aliás, é o antônimo. Paixão é definida como sentimento cego, emoção ardente que se sobrepõe à lucidez, à razão, que ultrapassa os limites da lógica (ver dicionário). Paixão é como fogo de palha, incendeia, devora, consome, destrói e apaga logo. A paixão é exigente, egoísta e a todo custo procura a satisfação própria. Amor é o sentimento de quem se dedica pelo bem da pessoa a quem ama, é altruísta, vivifica, constrói, é lúcido. Diferindo da paixão dispõe-se a dar de si para ver o outro feliz, é racional e duradouro. Quem ama é gentil, bondoso, não trata com aspereza. Um assassino confessou que matou sua esposa por amor. Não, foi por ciúmes. Muitos pensam que ciúmes é característica do amor, quem ama tem ciúmes. Não mesmo! Quem ama confia, “é paciente, é benigno, não inveja (não tem ciúmes)… não se irrita, não suspeita mal, tudo sofre, tudo suporta” (1 Cor 13:4-7). Os ensinos paulinos são para ser lidos e praticados se é que queremos ser felizes. 1Cor. 13 é um capítulo curto, mas de longo alcance, cantado em hino nas cerimônias matrimoniais, é um descritivo do amor que enleva. Contudo se ficar somente num romantismo teórico apagar-se-á com as luzes dos festivais do casamento. É necessária uma reflexão mais profunda sobre o amor, e exercita-lo até que faça parte do caráter pessoal.
É cinzelando pedras brutas que se obtém joias raras. Michelangelo (1475-1564) esculpiu numa pedra a obra prima, Moisés com 2,35m, para o Papa Júlio 2º (1443-1513) colocar no seu mausoléu. Lapidando a rudez dos nossos hábitos com a ajuda do Artífice Jesus, podemos revelar um caráter à imagem e semelhança do nosso Criador, uma obra prima do Grande Artista.
O amor não sobrevive sem que o expressemos por palavras e atitudes gentis e benignas. Diz a escritora Ellen G. White: assim como a planta precisa de cuidados: fofar, fertilizar e molhar a terra, tirar as ervas daninhas, do sol, do ar, assim o amor carece da luz e calor do Sol da Justiça, da poda dos maus hábitos ativar os bons com palavras dóceis, atenção e bondade a fim de que o amor, floresça e frutifique.
O amor está entre as múltiplas capacidades com as quais Deus criou o homem. Fomos colocados neste mundo como representantes do Criador, para cuidar dos animais e das plantas. Deus fez o homem social e deu-lhe uma companheira, tirada não da cabeça para dar ordens, nem do pé para ser pisada, mas do lado do coração para ser amada e protegida, como diz o teólogo Agostinho. Deus nos deu todos os bens e deu Sua vida por nós para que em reconhecimento O amemos e ao próximo como a nós mesmos. Os nossos próximos mais próximos são a esposa, os filhos, os irmãos e os pais, depois os vizinhos. Se não amarmos a estes com quem convivemos como podemos dizer que amamos a Deus a quem não vemos?

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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