11/11/2016
Beleza no futebol
ARTIGO | Em reta final de Campeonato Brasileiro ouvimos de tudo um pouco. Desde percepções de torcedores animados e ansiosos, até rivais terceirizando a culpa e imputando à a arbitragem a culpa por seus fracassos. Nos últimos dias, vários setores (profissionais ou não) que se dispõe a analisar esse fenômeno apaixonante e complexo que é o futebol buscaram explicações para o título palmeirense – que só aguarda a matemática confirmar. E a definição que mais me chamou a atenção foi que o Palmeiras de 2016 joga feio.
Vale aqui aprofundarmos a questão: o que é feio e o que é bonito no futebol? Eu, por exemplo, vejo muita beleza na eficiência de uma equipe que se dispõe, como predominância de princípios de jogo, a marcar no seu campo de defesa e em um momento oportuno roubar a bola, montar uma rápida transição ofensiva e matar o adversário em um portentoso contra-ataque. Não que esse seja o caso do time do técnico Cuca, não. Em muitas partidas, o Palmeiras propõe o jogo e quando está sem a bola faz marcação alta, no seu campo de ataque.
Não consigo ver jogo feio de uma equipe que tem o melhor ataque, melhor saldo de gols e a segunda melhor defesa da competição. Uma equipe que abrigou a transformação de Gabriel Jesus de uma simples promessa para o posto de titular da seleção brasileira e reforço do Manchester City, de Pep Guardiola; um time que tem dois sinônimos de modernidade no meio-de-campo como Tchê Tchê e Moisés.
Os críticos ficam ferozes com a eficiência palmeirense na bola parada. Oras, se você tem Mina e Vitor Hugo no time não vai explora-los no jogo aéreo?! A análise do jogo evoluiu tanto que hoje temos seis momentos: ataque, defesa, transição ofensiva, transição defensiva, bola parada ofensiva e bola parada defensiva. Vence quem é melhor como um todo, no conjunto final e geral do jogo.
Não existe campeão em 38 rodadas que não mereça a conquista. Respeito e sei que cada um tem uma preferência com relação a modelos de jogo que sejam mais agradáveis ou não de acordo com a perspectiva individual do que é o futebol. Mas menosprezar e rotular rasamente feio um legítimo campeão não me parece o mais correto.