Leondenis VendramimOpinião

Qual é seu valor?

26/08/2016

Qual é seu valor?

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Leondenis Vendramim/Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Leondenis Vendramim/Arquivo pessoal)

ARTIGO | Vivemos uma explosão da depressão. Não temos um número exato de deprimidos, mas, segundo a Associação Brasileira de Psicanálise, cerca de 10% dos adolescentes brasileiros sofrem dessa doença. Em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 20% dos jovens têm a moléstia. São 121 milhões de pessoas e o número é crescente. Diz a OMS, 9,5% das mulheres e 5,8% dos homens são ou serão vítimas da doença em algum momento da vida. Mesmo com depressão, complexo de inferioridade ou qualquer outra razão, em quanto você se avalia?
Há várias histórias interessantes sobre Niccolò Paganini (1782-1840). Creio não haver alguém que não tenha ouvido sobre esse prodigioso violinista italiano.
Conta-se que em certa ocasião, em Londres, realizou-se um leilão de quinquilharias, entre a quais um violino, velho e empoeirado. O leiloeiro esforçava-se por elevar o preço para o arremate, mas os lances eram insignificantes:
Senhoras e senhores, eis aqui um notável instrumento, um genuíno Cremona, fabricado pelo famoso Antonio Stradivarius. É um violino raríssimo, que vale em ouro o seu peso. Quanto me dão para iniciar? Houve crítica e desconfiança, pois o instrumento não tinha gravado o nome de Stradivarius. Os lances foram decepcionantes: 5 guinéus (1ª moeda inglesa cunhada em 1663, valia 1 libra) em ouro. O leiloeiro suplicou, explicou a falta da gravação do fabricante, mas garantiu a procedência. Não houve melhoras nas ridículas ofertas. Um homem alto, magro, de aparência mefistofélica, com nariz agudo, dedos longos e magros entrou, pegou o violino, examinou-o, tirou um lenço, limpou o pó, colocou-o ao ouvido demoradamente, então tomou o arco e o deslizou tirando do velho violino uma suave música, que fez-se ouvir murmúrios entre os ouvintes, encantados: “É Paganini!”
Diz Rodolpho Belz que os ouvintes riam e choravam de emoção; “ele tocara suas emoções do mesmo modo que tocava o velho violino escuro”. Quando Tudo Falha, 17.
Depois de tal arrebatamento, cessada a música, os lances subiram em verdadeira disputa: “Cinquenta, sessenta, setenta, oitenta, gritavam na calorosa discussão.” O violino foi arrematado por 100 guinéus, em ouro pelo próprio Paganini que concedeu ao auditório de milhares de ouvintes, uma tarde deliciosa com suas músicas.
O violino, velho, sujo, escuro, fora desprezado até o momento em que o mestre o tomou em suas mãos, limpou-o, ouviu-o, e revelou o seu valor, até então, desconhecido. Então, o instrumento rejeitado deu aos ouvintes e ao mundo novo encanto e nova harmonia aos que, antes, o tinham por desprezível.
Não são raras as vezes que avaliamos uma pessoa por sua aparência, sua ignorância seus vícios, pelos seus trajes sujos, por estar atirada na sarjeta lamacenta, cheirando mal. A Bíblia nos ensina que Jesus, assumiu a natureza humana, foi torturado, com espinhos na cabeça, morreu na cruz para salvar o perdido o viciado, o mau. Ele o fez porque o amou. Alguém pode se sentir roto, desprezado, sujo, sem valor, mas nas mãos do Mestre será limpo, restaurado o seu brilho, será revelado o seu verdadeiro valor. Será um instrumento para levar harmonia para a sua família, para o seu trabalho, por onde quer que vá será sempre uma luz para que outros vejam seu verdadeiro valor – o valor com que Cristo o avalia.
São Paulo escreveu aos efésios: “Pois somos feituras Suas, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos por elas” (Ef. 2:10). Somos criaturas de Deus, portanto temos um valor extraordinário. Na língua grega a palavra “feitura” é “poiema (lê-se poiema) que etimologicamente significa obra de arte, poema. Ainda que depreciado pelo semelhante o ser humano é um diamante escondido na terra ou na pedra bruta. O sábio Salomão diz “O que despreza o próximo é falto de entendimento” (Pv. 11:12).
Qual valor você se auto avalia? Quanto você atribui à sua esposa? E aos seus filhos? Olhemos com os olhares de Cristo e veremos seu real valor, “o sangue de Jesus”. Que emoção, apesar de nossos defeitos de caráter, Deus nos estima mais do que ouro refinado no fogo!

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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