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Três funcionários são presos por cárcere privado em clínica de reabilitação

04/12/2015

Três funcionários são presos por cárcere privado em clínica de reabilitação

Polícia Civil encontrou pacientes trancados em um quarto, sujos, sem alimentação e com sinais de agressão no Centro Terapêutico Rafard
Em uma das unidades do CTR, policiais encontraram réplicas de armas, munições e facas (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Em uma das unidades do Centro Terapêutico Rafard, a Polícia Civil encontrou réplicas de armas, munições e facas (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

RAFARD – A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em duas clínicas para recuperação de dependentes químicos na tarde de quinta-feira, 26, na Estrada da Laranja (SP 113), que liga Rafard a Tietê. A investigação começou há três meses, quando os policiais receberam uma denúncia de que um paciente havia sido espancado e de que pelo menos 250 internos eram vítimas de maus-tratos e cárcere privado.

Em uma das clínicas, a Polícia Civil informou que encontrou 12 pacientes trancados em um quarto, sujos, sem alimentação e com sinais de agressão. Dois funcionários foram presos por cárcere privado. No local também foram apreendidos documentos e remédios. No escritório da outra clínica, um funcionário foi encontrado com três réplicas de armas de uso restrito da polícia e munições.

O homem foi detido por porte ilegal, mas pagou fiança e foi liberado na delegacia. O quarto funcionário que foi preso tinha um mandado de prisão por tortura e cárcere privado emitido contra ele em outra filial da instituição, localizada em Ilha Solteira (SP). Nas clínicas do Centro Terapêutico Rafard (CTR), a equipe encontrou ainda várias facas. Os donos dos locais não foram encontrados, mas serão indiciados.

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Polícia Civil recebeu cerca de 250 denúncias de maus-tratos e cárcere privado em clínica de Rafard (Foto: Reprodução/EPTV)
Polícia recebeu cerca de 250 denúncias sobre clínica de Rafard (Foto: Reprodução/EPTV)

O investigador Mauro Souza contou que o centro de reabilitação tem um quarto “que é como se fosse um castigo”, onde os pacientes são deixados durante 30 dias, sem contato com ninguém, nem com a família, e são agredidos constantemente. Além disso, eles são dopados com um coquetel que reúne uma série de remédios, apelidado de “danoninho”, e chegam a dormir por três ou quatro dias seguidos.

Cerca de 40 dependentes químicos foram levados à delegacia pelos policiais, para prestarem depoimentos. No entanto, depois da conversa com o delegado, eles retornaram para as duas unidades. O caso foi encaminhado ao Ministério Público (MP). O advogado de um dos donos, Júlio Acedo, negou todas as acusações. Segundo ele, a clínica não vai ser fechada, pois tem “todas as autorizações para funcionar”.

Na sexta-feira, 27, pelo menos 60 internos fugiram do Centro Terapêutico Rafard (Foto: Reprodução/EPTV)
Na sexta-feira, 27, pelo menos 60 internos fugiram do CTR (Foto: Reprodução/EPTV)

Fuga

Pelo menos 60 internos fugiram do Centro Terapêutico Rafard na manhã de sexta-feira, 27, e foram até a delegacia rafardense para denunciar maus-tratos e agressões. De acordo com a Polícia Militar (PM), os pacientes decidiram ir embora da clínica depois que um deles, um adolescente, teria sido espancado por um funcionário. Eles saíram pelas ruas com colchões, malas, roupas e até ventiladores nas costas.

Os policiais informaram que alguns internos foram para casa, enquanto cerca de 20 estiveram na delegacia para prestar depoimento. À EPTV, afiliada da Rede Globo, um dos pacientes, que não quer ser identificado, afirmou que as agressões são constantes no CTR, e que algumas pessoas chegam a ser imobilizadas até desmaiarem. Além desses, alguns pacientes foram resgatados pelas próprias famílias.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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