Opinião

Biografia – Benjamim Constant II

30/11/2015

Biografia – Benjamim Constant II

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

Artigo | Por Leondenis Vendramim

Como professor, era dedicado e exigente, “professor severíssimo” “imparcial e justo” ao exercer suas funções. Destaca Luiz Waldvogel: a integridade de sua formação moral, a doçura do seu semblante e a amenidade do trato. Conta-se que, como professor das filhas e netos de D. Pedro II, um dia repreendeu-as em presença do imperador (que, aliás, costumava assistir às aulas), por se mostrarem em tanto indóceis e superiores. Nisto deu-lhe razão D. Pedro II.

Benjamim fundou a Escola Normal Superior e lecionou em várias escolas. Suas aulas eram assistidas por vários lentes de outras instituições. Captava a simpatia de seus alunos, colegas e mesmo superiores hierárquicos.

Benjamim Constant participou da guerra de agosto de 1866 a setembro de 1867. Ele escreveu cartas com duras críticas ao Duque de Caxias, que constam no livro das cartas da guerra na Campanha do Paraguai.

No final do século 19 o Brasil era influenciado pela filosofia do positivismo de Auguste Comte, e Benjamim Constant disseminou entre a jovem oficialidade do Exército brasileiro tais ideias. A despeito de ser um militar do exército e ter participado da Guerra contra o Paraguai, era um pacifista. Pregava o fim das Forças Armadas num futuro não tão distante, reduzindo à mera atuação policial para manutenção da ordem pública, criou a doutrina do “Soldado cidadão” que dizia “antes de soldados eles são cidadãos” e como tais deviam comportar-se, clara consequência do seu positivismo. Houve uma decorrente reação dessa civilização do exército, para um trabalho mais civil que militar. A partir da Primeira Guerra Mundial, surgiu uma nova geração de militares que se intelectualizou e passou a defender a profissionalização do Exército; de 1920 a 1930 o tenentismo exigia certas reformas do governo republicano. Segundo alguns historiadores, houve também militares que chegaram ao poder nos períodos de 1930 e 1985, em consequência desse positivismo.

Benjamim Constant agregava valores, conseguia grande número de simpatizantes e apoiadores. Foi um dos notáveis abolicionistas. Por sua influência o Clube Militar, em outubro de 1887, tomou por divisa a abolição dos escravos e resolveu enviar à Princesa Isabel uma petição no sentido de não empregar mais os soldados no aprisionamento de escravos fugitivos. No dia 8 de maio, Benjamim estava presente na Câmara dos Deputados ao ser lido e aprovado o projeto da abolição. No dia seguinte foi com seus Meninos Cegos e seus professores, à redação do “Cidade do Rio”, jornal de outro abolicionista José do Patrocínio. Diz o biógrafo Luiz Waldvogel que ambos os patriotas e incansáveis abolicionistas, conservaram-se abraçados num emocionante fraternalismo, enquanto a banda de música dos cegos executava o Hino Nacional. Logo após um discurso comovente de Benjamim, José do Patrocínio, em soluços, caiu aos ombros do diretor do Instituto que também lacrimejava.

Constant foi um dos principais articuladores do republicanismo de 1889. Pregou no exército e na Marinha os ideais republicanos, discursou e arregimentou a imprensa. Reuniu homens como Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa na casa do Mal. Deodoro da Fonseca, convenceu-o, a aderir ao movimento e a proclamar a república. Nomeado ministro da Guerra do novo governo, homenagearam-no com o título de “Fundador da República”. Como ministro da Instrução Pública, fez importante reforma curricular do ensino primário e secundário, construção de prédios apropriados ao ensino, Escolas Normais para a formação adequada de professores. A ele devemos a expressão sugerida por Teixeira Mendes, “Ordem e Progresso” de nossa Bandeira, e a separação da Igreja do Estado. Faleceu com 57 anos e sepultado no Cemitério S. João Batista do Rio de Janeiro. Vida profícua, caráter nobre, punha acima das conveniências pessoais, o bem do próximo.

Ele escreveu: “O homem se deprava desde o momento em que abrigue em seu coração um pensamento que o obrigue a dissimular”. É de mestre com esse quilate que o Brasil necessita: honrado, sensato e reto no cumprimento do dever e amor ao próximo.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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