Opinião

Mortalidade ou Imortalidade da Alma 5

04/09/2015

Mortalidade ou Imortalidade da Alma 5

Artigo | Por Leondenis Vendramim
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

O objetivo destes artigos não é afirmar se alguma religião ou a filosofia ou a Bíblia está certa ou errada, mas mostrar que são conflitantes entre si. Há muitos contrastes quanto a este assunto, na crença e na prática: dão banho no cadáver, vestem-no com a melhor roupa, maquiam e embelezam tanto quanto possível como se fosse para uma festa (e alguns dizem “estava tão bonito (a)!”, mas na realidade é um defunto; escrevem “descansa em paz, mas dizem que vai para o inferno ou para o céu; outros embalsamam (fizeram assim com Mao Tse Tung) na esperança de que a ciência descubra uma forma de reviver o falecido. De há muito os homens procuram desvendar o que acontece na morte e pós-morte e os niilistas dizem que o melhor da vida é a morte!. A teoria da separação da alma e corpo no momento da morte tem originado doutrinas como oração pelos mortos, indulgência, purgatório, intercessão dos santos, tormento eterno no inferno, etc. Se a morte é o fim da vida, como confirmam os dicionaristas porque se preocupar com o além, com a ressurreição, e todas as doutrinas incluindo a volta de Jesus? Que diz a Filosofia? Há alguma coisa do homem que sobrevive quando morre? O que diz a Bíblia?

De Platão a Kant, dizem que a morte é extinção apenas do corpo, a alma é eterna; na morte a alma, que é divina se liberta do corpo, que é mau. (já consideramos).
Aristóteles cria que a operação intelectiva é um sinal da espiritualidade, a alma é imortal. Sto. Agostinho e Tomás de Aquino, influenciados pelo aristotelismo, seguem esse mesmo pensamento, e acrescenta que a ação intelectiva se realiza sem o corpo.

Para os niilistas Feuerbach, Freud, Nietzsche, Heidegger, Sartre, A. Camus, na morte morre tudo, a vida vem do inorgânico e na morte volta para o inorgânico; sobrevivência de qualquer parte é fruto do desejo de viver. Nietzsche diz que a morte é a liberdade humana; é a conquista da vida total. David Hume cria que todo conhecimento procede das percepções sensoriais, portanto não pode haver vida pós-morte porque o corpo se desfaz. Os filósofos e cientistas evolucionistas desferiram duro golpe na crença na vida pós-morte. Jaspers, Marcel afirmam que a Filosofia não tem como fornecer provas da imortalidade da alma, mas o homem diz que não morre totalmente, porque assim o deseja.

Os filósofos são controversos quanto ao que acontece na morte, as doutrinas espiritualistas que seguem o platonismo e a teologia que é influenciada pelo aristotelismo são irreconciliavelmente opostas aos ensinos bíblicos. O que diz a Bíblia referente à morte?

Já vimos que Deus fez o corpo de barro, soprou no nariz do boneco e o homem se tornou alma viva. (Gn. 2:7).  Vimos também que o homem não tem alma capaz de viver fora do corpo, nem sem o corpo, porém o homem é uma alma vivente, assim como os animais o são. Em Gn.2:16-17 Deus disse a Adão (a alma vivente): “De toda a árvore do jardim comerá livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, pois no dia em que dela comeres morrerás”. No 3:1-4, resumindo, o Diabo disse à mulher: “… Certamente não morrerás”. No versículo 19 a sentença de Deus a Adão foi: “… até que tornes à terra, pois dela foste tomado, porque tu és pó e ao pó tornarás”. Não diz que haveria separação do corpo e alma. No hebraico “muth” é empregada para morte mais de 800 vezes, e em nenhuma delas aplica para separação entre corpo e alma, mas sim de acabar, destruir a vida. Estudando o grego bíblico “apothanein” e “thanatos” (significam morte), nota-se que morrer é realmente cessar a vida, nada mais. Algumas alusões bíblicas podem ajudar a esclarecer:

Na morte não há recordação de Deus. O cérebro é desfeito (Sl.6:5). Na morte não há lembrança (Sl 146:4). Na sepultura há silêncio, não louvam a Deus (Sl 115:17). A morte é comparada ao sono (Sl 13:3); Jesus também compara a morte ao sono (Mt 9:24; João 11:11-14). Na sepultura não há sabedoria, nem conhecimento, nem trabalho (Ecl. 9:5,10). A Bíblia nos diz que a alma (clara alusão à pessoa) que pecar essa morrerá (Ez 18:4,20). Estes ensinos, bíblicos e filosóficos, são paradoxais.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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