Opinião

Mortalidade ou Imortalidade da Alma 3

21/08/2015

Mortalidade ou Imortalidade da Alma 3

Artigo | Por Leondenis Vendramim
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

Relembrando as questões do artigo anterior: Será que os pecadores sofrerão os horrores de um fogo eternamente? O que diz a Bíblia? Sei que o tema é beligerante e causará forte reação nos leitores, contudo não podemos deixar de cumprir com nosso propósito de mostrar o que diz a Bíblia respondendo as questões acima. Antes de entrar no tema devo lembrar que todas as declarações diferenciadas das ideias ensinadas e arraigadas desde a adolescência, nos lares e escolas e fora deles, podem chocar e mesmo parecer estapafúrdia. Peço a paciência dos leitores para se despirem de todo pré-conhecimento, analisarem com frieza e formar seu conceito sobre o exposto.

Vimos que a palavra latina inferno e suas correspondentes gregas “hades” e “tártaros” e a hebraica “she’hol” significam etimologicamente sepultura. Também notamos que as palavras “nephesh”, “ruash”, “pneuma” e “anima” traduzidas por alma quando usadas pelos escritores bíblicos jamais tem o significado de alguma entidade capaz de viver fora do corpo.

A Bíblia é uma coletânea de livros e o que Moisés escreveu em 1450 a.C, Davi escreveu nos anos 950, Salomão, Isaias, Ezequiel, os discípulos  Paulo e João escreveram no 1º século d.C.  sem contradições a respeito da alma.
Gênesis 2:7 é bem elucidativo: “Formou Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego de vida, e homem se tornou uma alma vivente”. Primeiro Deus juntou o barro e fez um boneco, o corpo. O corpo humano é feito dos elementos da terra. Tudo o que se come vem da terra: oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, potássio, enxofre, cloro, sódio, magnésio, silício, ferro, flúor, zinco, estrôncio, cobre, cobalto, vanádio, iodo, estanho, selênio, manganês, níquel, molibdênio e cromo e quando morre o corpo se desfaz na terra. Como vimos o ar (ruach, nephesh (hebraico), pneuma – (grego) e spiritus (latim) sai e se mistura com o ar da atmosfera. Nesse verso usa a palavra nephesh para alma. Claude Tresmontant diz: “Ao aplicar a palavra hebraica nephesh no sentido platônico psychê deixamos o real sentido de nephesh e assumimos inumeráveis problemas”.

Samuele Bacchiocchi corrobora: a pessoa que tem “mentalidade dualística terão grande dificuldade em entender o ponto de vista holístico da natureza humana, de admitir o ponto de vista bíblico que o corpo e a alma formam a mesma pessoa”, concordar com o significado bíblico de ‘alma’ como princípio que anima a vida. Além disso, estarão em apuros para explicar aquelas passagens que falam de uma pessoa morta como uma alma ‘nephesh’ morta (Lv 19:28; 21:1,11; 22:4; Nm 5:2; 6:6,7,10; 19:11, 13; Ag 2:13)” Nestas passagens mostram a alma morta. Ezequiel 18:4, 20 diz “A alma que pecar morrerá” Não diz que é imortal e vai para o inferno eterno.

Albrey Johnson diz que nephesh em Gn 2:7 denota o homem integral “A base, substância corpórea, era a frágil, mas pelo sopro de Deus foi transformada e tornou-se uma nephesh, uma alma. Não é dito que o homem foi suprido com a nephesh… o homem em sua essência total é uma alma”. Ao enumerar pessoas: Gn 12:5 (Abraão partiu com sua família e as almas que lhe pertenciam; Gn 14:21; o rei pediu a Abrão que ficasse com os bens e lhe desse as pessoas “nephesh”; Gn 46:27 os que foram para o Egito foram 70 (nephesh) pessoas. Nephesh nunca é dualístico (corpo e alma), mas holístico (uma pessoa, ser vivo e integral). Em Gênesis a alma é o conjunto do corpo mais o ar. Dom Wulstan Mork escreveu: “É ‘nephesh’ (alma) que dá vida ao ‘bashar’ corpo, não como substância distinta. Adão não tinham nephesh, ele era uma nephesh”. Clark H. Pinnock, erudito evangélico dos mais respeitados, autor de vários livros, desafiou com incontestáveis argumentos bíblicos o tradicional dualismo, bem como o tormento infindável do inferno. Outro erudito, profundo conhecedor e professor de hebraico e grego, Dr. Oscar Cullmann também apresentou sua tese contrária à ideologia da alma como existente fora do corpo e do sofrimento por toda a eternidade no fogo do inferno. Continuaremos no próximo.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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