06/04/2015
Capivari enfrenta epidemia de dengue
Cidade decretou estado de emergência por causa da doença
CAPIVARI – Capivari entrou em estado de emergência na última semana devido à epidemia de dengue. A Vigilância Sanitária registrou 283 casos da doença até terça-feira, 31, dos quais 26 são importados de outras cidades. O número é 843% maior do que o registrado em todo o ano passado – 30 casos. Conforme balanço da Vigilância, os bairros mais afetados são Engenho Velho e Vila Fátima.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, o cálculo que determina a situação de epidemia de dengue é feito com base no número de casos e a população do município. São necessários 300 casos para cada 100 mil moradores. Com 52.559 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Capivari já estava em epidemia quando apresentou 177 casos confirmados.
Para combater a situação, a Prefeitura informou que a Vigilância Sanitária intensificou as visitas às casas, que giram em torno de 4.400 por mês. Cerca de 220 residências receberam nebulização nos dois bairros citados. O procedimento consiste na borrifação de veneno para eliminar a possibilidade de o mosquito picar uma pessoa infectada e transmitir a doença para outra saudável, evitando, assim, o contágio.
A administração municipal disse ainda que realiza palestras nas escolas e setores da Prefeitura, visando à conscientização da população. Entretanto, lembrou que nenhuma dessas operações combate às larvas ou ovos do mosquito Aedes aegypti. Desse modo, a contribuição de todos os moradores fiscalizando possíveis focos e os combatendo é primordial.
“O trabalho da Vigilância é realizado diariamente. Os agentes estão nas ruas informando e fiscalizando as casas, mas é de extrema importância a mobilização da população”, afirma a secretária da Saúde, Eliane Piai. “Apenas com a prevenção vamos conseguir combater o mosquito e isso é simples: bastam dez minutos semanais para inspecionar o quintal e evitar possíveis focos do mosquito.”
Apesar de o quadro de Capivari se destacar dos municípios mais próximos, a situação é igualmente preocupante em outras cidades. Com 203 casos e aproximadamente 52 mil habitantes, segundo o IBGE, Porto Feliz também enfrenta epidemia. O mesmo acontece com Elias Fausto, que até a última divulgação estava com 200 casos – até o fechamento desta edição, a Prefeitura não se manifestou com números atualizados.
Rio das Pedras segue em estado de alerta com 49 doentes, realizando mutirões nos bairros, busca ativa e bloqueio de criadouros, além de campanhas de prevenção e orientação para a análise de quintais. Rafard, por sua vez, teve 70 suspeitas até o momento, mas apenas 30 casos foram confirmados. Já Mombuca, há dois anos, continua sem nenhum caso da doença.
Rafard
Mesmo com todas as campanhas de conscientização e combate à dengue que estão sendo realizadas na região, bem como as diversas notícias veiculadas pela mídia em todo o país, ainda há aqueles que ignoram as orientações e não cuidam do quintal da própria casa, ou deixam terrenos abandonados, contribuindo com o agravamento de áreas de risco, como é o caso denunciado pela cozinheira Josiana Siqueira, de 37 anos.
Moradora da Rua Vitorio Talassi, em frente à Escola Professor Luis Grellet, em Rafard, ela procurou o jornal O Semanário para reclamar de um terreno ao lado de sua casa, que vive cheio de mato alto e lixo. Josiana disse que depois de fazer várias queixas na Prefeitura, a proprietária carpiu o terreno mediante uma notificação do poder público, mas deixou o mato amontoado no local.
“Ela carpiu, mas deixou entulho e mato. Por cima do muro da minha casa dá para ver potinho de sorvete, telha de barro que junta água quando chove. E aqui na rua tem dois casos de dengue”, afirma. Josiana mora com o marido e as filhas, uma de 20 e outra de cinco anos, além do genro. O quarto de uma delas fica ao lado do muro que faz divisa com o terreno. “Em dezembro, a gente achou até aranha.”
Preocupada com o aumento do número de casos de dengue na região, a moradora pede ajuda. “Eu queria que ela limpasse, tirasse esses entulhos daí. Na verdade, o que eu queria mesmo é que entrasse uma máquina da Prefeitura e limpasse esse terreno e mandasse a conta para ela”, diz. “Mas ninguém faz nada. Agora, o IPTU a gente é obrigado a pagar todos os anos, né?”