07/11/2014
Bom senso, contrassenso e liberdade 3
Artigo | Por Leondenis Vendramim
No final do século 18 e grande parte do século 19, predominou na Europa, o movimento artístico e filosófico chamado Romantismo. Os filósofos, artistas e literatas desse tempo voltaram-se contra o classicismo e contra o racionalismo do iluminismo. Redescobriram o nacionalismo e centraram no indivíduo, num estado de romantismo. Os românticos focaram em si mesmos, retratando os dramas e amores humanos trágicos, ideais e utópicos. Era a reação contra o racionalismo e criticismo. Exaltavam o valor pessoal e o “eu” como entidade autônoma, o liberalismo (liberdade de pensamento, expressão, religião…) e o amor livre (contra o matrimônio). A criatividade, originalidade, o inacabado, o subjetivismo passou a ter valor.
O grande alvo dos românticos artistas e filósofos do século 19 era criar uma nova mitologia e uma Bíblia para o mundo moderno a fim de reunificar os seres humanos com a natureza e recriar uma coesão social similar à pagã ou à medieval, segundo Elijah Mvundura. O escritor diz que a ambição era também reanimar e encantar o mundo com magia e elevar os artistas ao status de sacerdotes em lugar do Cristo. A revista Athenaeum declarou: “Somente o preconceito e a presunção mantém a ideia de que existe apenas um Mediador entre Deus e o homem”. Editada pela Harvard, p.328.
O filósofo Johan K. Lavater disse que os artistas seriam mediadores, pois são “deuses em forma humana”. Novalis: “… na Terra, os homens devem tornar-se deuses”. “Eu sou deus”. Shelley: “… nós somos nossos próprios deuses”. Darwin eliminou Deus da criação com sua teoria da evolução e seleção natural, dizendo que por eras de biliões de anos surgiu por acaso um átomo, e que por acaso se bipartiu e se multiplicou até chegar a um ser vivo que se evoluiu em tantos estágios até se tornar um ser racional. Karl Marx e outros sustentaram que o homem é deus e que além da matéria, nada existe. Todos esses homens concretizaram a ambição de Renè Descartes quanto à sua ciência universal, que destrona a Deus e liberta o homem do Seu senhorio. Diz o escritor Dr. Elijah Mvundura.
Eric Voeglin, um dos mais notáveis cientistas social e político do mundo moderno, no seu livro Science, Politics and Gnosticism, p.23 diz que os cientistas sociais usam a ciência como meio de transformação da humanidade, e para transformar a ciência em uma religião esotérica (ocultismo). Voeglin afirma com outros, que ao tornar a ciência em religião esotérica, deificando o homem e matando Deus, os pensadores do século 19 foram profundamente inspirados pelo antigo gnosticismo e hermetismo.
O ocultismo grassou pela Europa no século 18 na forma de hermetismo, esoterismo e gnosticismo, e se divulgou com o capitalismo na revolução industrial, tendo se imiscuído em muitos movimentos religiosos espiritualistas.
Esse “mix” religioso ecumênico fortalecido pelo poder dos estados globalizados, num cadinho, já de há muito predito pelos cientistas sociais e líderes religiosos, como vimos em artigos anteriores recentes, também foi vaticinado pelos profetas do Antigo Testamento e pelo apocalíptico João (Ap 17; 18), todos proclamando essa união como a “Babilônia” moderna. Essa Babel que ao assumir o poder, segundo estudos escatológicos, tornar-se-á perseguidora da minoria rotulada como fanáticos, fundamentalistas, inimigos da nova ordem mundial. Serão equiparados aos violentos terroristas, ignorantes e inimigos da paz. Como diz Nelson Rodrigues: “Toda unanimidade é burra”. Digo, que pelo menos é contrassenso porque a maioria pratica cegamente, sem analisar, as ordens obscuras, inconfessáveis e irrefletidas. Assim foi quando a maioria inflamada, gritava contra o Inocente Jesus: “crucifica-O”. Essa “burrice” não servirá de atenuante no dia do juízo. “Jesus… pagará a cada um segundo as suas obras” (Mt 16:27). Ele apela: “Sai dela povo meu para que não participes dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas”.