Editorial

Se não podemos confiar neles, em quem confiar?

É, vamos falar novamente que a falta de vergonha na cara dos nossos políticos está nos deixando envergonhados. Todo dia, tomamos o café da manhã ou vamos pra cama com notícias locais, regionais e nacionais sobre desvio de dinheiro público, esquemas fraudulentos, superfaturamentos e irregularidades em obras públicas, abandono de obras importantes para a comunidade, morosidade e excesso de burocracia na liberação de verbas para os municípios e outros assuntos que já passaram da medida da nossa paciência.
Mas parece que o brasileiro nunca se dá conta de sua responsabilidade político social. E na hora de cobrar desses cidadãos que tomam nosso tempo com as falsas promessas, o brasileiro prefere as facilidades do momento e os “tapinhas nas costas”, famoso jargão nacional que demonstra os acordos de interesse que diariamente somos obrigados a engolir.
Sem falar na falta de representatividade. Afinal, observem a que ponto chegam os funcionários públicos de Rafard e de Capivari. Os de Rafard não têm forças políticas nem físicas, pelo visto, para se unir e reivindicar um direito que lhes cabe. A falta de reajuste salarial em Rafard está completando 2 anos. O último dissídio da categoria foi dado em maio de 2010. Isso já virou caso de polícia, afinal, quando há um furto, é a polícia que é chamada.
Já em Capivari, parece tudo muito bom, aumento de salário, aumento de cartão alimentação, mas, espera aí: abono não é incorporado aos direitos trabalhistas, é benefício. E quando o servidor for afastado, dispensado, aposentado… cadê o aumento salarial?
Brasileiro é assim, pensa no aqui e agora. Não se preparam homens e mulheres para o futuro, seja na saúde preventiva ou na educação cidadã. Tudo vai sendo empurrado, jogado pra debaixo do tapete e faz-se vistas grossas a pequenos detalhes como esse. E o asfalto do Distrito Industrial de Rafard, que foi pago, mas está faltando um pedaço? O gato comeu!
Cumprir com as normas legais, observar detalhes para que erros grotescos como a falta de normas para a eleição do Conselho Tutelar de Rafard não se repita e venha a causar transtornos e gastos. Afinal, ações judiciais custam aos cofres públicos e novas eleições também.
E cadê o Executivo para explicar a falta do cumprimento das normas legais? Cadê os princípios que regem a administração pública, elencados no artigo 37 da Constituição Federal: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência? Citando Miguel Reale ((1986, p. 60) “princípios são verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza”. Daí se concluir que se esses princípios inexistem, é lamentável dizer leitor, estamos sem chão e nem certeza de nada.
E se não podemos confiar nos homens públicos, pois não cumprem o mínimo necessário, ou seja, os princípios, em quem podemos confiar?
Não dá pra dizer frases feitas do tipo “se não pode com eles, junte-se a eles”. Nós não podemos nos sentar todos na cadeira do Executivo e esperar os quatros anos de mandato passar, fingindo que as críticas, sejam construtivas ou não, não são conosco. As críticas existem porque os problemas também existem. E não adianta desviar a finalidade do estado de garantir o bem estar da sociedade, colocando sobre o homem público uma máscara de boa pessoa. O homem público está onde está para cumprir a finalidade e não para ser aclamado como bom homem.
Enfim, na semana passada citamos o Clark Kent, ou seja, o Super Homem, como solução para os problemas brasileiros. Do jeito que a coisa tá, parece que só ele mesmo.
Nesta semana tivemos que lembra-lo novamente, afinal é de super heróis que esse país precisa, porque os nossos homens públicos precisam de reciclagem.
Mas esse é outro assunto que se continuarmos discorrendo, tomaremos todo o jornal.
Então deixaremos para a próxima semana, em mais um episódio da série Precisa-se de Super Heróis.
A todos nós boa sorte.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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