Editorial

Editorial – O vício que destrói lares

Ao longo dos últimos anos o Brasil sofreu um grande aumento do consumo de drogas. Infelizmente não houve uma mudança correspondente no vigor das políticas públicas que pudesse minimamente atenuar o impacto.
Nota-se que na região houve um agravamento dessa situação, o que ocasiona na maioria das vezes, no aumento de problemas e tragédias familiares.
O álcool é o responsável pelo maior problema das drogas no Brasil. A própria Organização Mundial da Saúde já apontou que o país, e na maioria dos países da América Latina, o consumo de bebidas alcoólicas é responsável por cerca de 8% de todas as doenças existentes. Esse custo social é 100% maior do que os países desenvolvidos como EUA, Canadá, e da maioria dos países europeus.
Um estudo brasileiro avaliou o padrão de consumo do álcool na população e mostrou que 11% dos homens e 4% das mulheres adultas são dependentes do álcool. Essa alta prevalência tem um impacto enorme na sociedade brasileira, pois pode-se dizer que cerca de 1 em cada 7 famílias tem alguém com problemas significativos em relação ao álcool. O impacto nas crianças também é grande, pois 1 em cada 5 crianças já presenciou violência por alguém intoxicado pelo álcool em casa.
Em Capivari, na tarde de quinta-feira, 24, a família e a sociedade torceram por um final feliz no caso que envolveu uma mãe de 36 anos, que manteve refém por cerca de duas horas os próprios filhos. Segundo informações de parentes próximos, a mulher estava sob efeitos do álcool. Graças a ação da polícia, que conseguiu imobilizar a mulher com a arma ‘taser’, a história teve um final, ou melhor, quase feliz.
Quase, porque a história não acaba por aí. Quais as consequências psicológicas e comportamentais a atitude desta mãe pode trazer a seus filhos e a toda família? Qual o próximo passo daqui em diante? São questões que aterrorizam famílias que passam por situações como esta.
Os milhares de brasileiros que desenvolvem a dependência química acabam não recebendo a devida assistência causando um enorme problema para as suas famílias e para as comunidades como um todo.
Atualmente o Ministério da Saúde cuida da política assistencial de todo o Brasil. Infelizmente tem sido uma política muito ideologizada. A principal ideologia é que todos os pacientes deveriam ser tratados somente nos chamados CAPS-AD (Centro de Atenção Psico Social para Álcool e Drogas). Infelizmente uma parte substancial dos dependentes químicos não adere a esse tipo de tratamento. É impossível fazer uma única política para um país tão diferente como o Brasil.
Cada Estado da União deve assumir a política mais ajustada para enfrentar esta epidemia e para isto, gerenciar o financiamento da implantação e avaliação de sua rede de serviços. A Federação, através do SUS deve fornecer os recursos necessários e com orçamento específico para o tratamento da Dependência Química.
Os projetos de cada estado devem buscar formas assistenciais que sejam baseados em evidências científicas. Deveríamos ter projetos para populações específicas como: usuários de crack, dependentes do álcool, etc. De acordo com as necessidades e prioridades de cada estado.
Enquanto a sociedade, perdida, aguarda uma resposta, resta a cada um cuidar do seu lar e tentar ajudar o próximo, da maneira que for possível.
Exemplos como o ocorrido nesta semana devem ser apagados da memória, pois não são normais. A sociedade não deve se acostumar a esse tipo de situação, para que elas não se tornem corriqueiras em nosso meio.
Até a próxima semana!

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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