Se não bastassem as mortes ocasionadas no Rio Grande do Sul, na Boate Kiss, em Santa Maria, o terror se espalha por toda Santa Catarina. Falo da facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense), que realizou mais de 50 ataques contra ônibus e forças de segurança, em 16 cidades nos últimos dias. Suas forças seguem o modelo do crime organizado de São Paulo.
Assim como o paulista PCC, o PGC foi criado com o suposto objetivo de lutar contra abusos de direitos humanos cometidos contra detentos por agentes do Estado. O mais notório exemplo desses abusos é um vídeo divulgado recentemente pelo jornal “A Notícia” com cenas de tortura num presídio de Joinville.
As imagens mostram agentes penitenciários usando bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e disparando com tiros de borracha contra dezenas de detentos nus agachados contra uma parede, sem mostrar resistência. A violência teria ocorrido durante uma operação realizada por agentes do Deap (Departamento de Administração Prisional), enviados da capital, Florianópolis, ao Presídio Regional de Joinville, no dia 18 de janeiro.
Os abusos contra os detentos teriam sido o estopim da atual onda de ataques incendiários e a tiros contra ônibus, carros e bases da polícia iniciada no último dia 30. Trata-se da segunda onda de violência do gênero em pouco mais de três meses.
Eu diria que a onda de ataques em Santa Catarina também tem outras causas da violência, tais quais as transferências de presos e corte de regalias no sistema prisional.
O PGC surgiu há cerca de cinco anos, depois que uma liderança criminosa local conviveu com chefes do PCC em um presídio federal.
Tenho informações que a facção possui atualmente cerca de dois mil membros, espalhados pelo sistema prisional catarinense. Eles convivem com membros de outras organizações criminosas, inclusive o PCC.
Apesar do possível envio da Força Nacional de Segurança para Santa Catarina, devemos fazer uma dilação com o que ocorreu na Boate Kiss, em solo catarinense, percebemos duas omissões e quase falências, incompetência de gestão no sistema prisional que provoca morte violenta, assim como “jeitinho” brasileiro em fiscalizar, fazendo “vistas grossas” provocando mortes por tragédia.
Nossa sociedade está asfixiada, não aguenta mais, sinal amarelo à democracia, enquanto em Brasília só banquetes de posse.