Depois de meses indicando que aumentaria os combustíveis, a Petrobras anunciou no início da noite de terça-feira (29), o reajuste de 6,6% para a gasolina tipo A e de 5,4% para o diesel na média do país. Os novos valores já estão em vigor hoje.
Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), haverá repasse do reajuste para os consumidores. Os proprietários de postos, entretanto, ainda não sabem de quanto será o impacto do aumento na bomba. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Estado (Sulpetro), Adão Oliveira, espera que os postos aumentem os preços assim que receberem o produto com os novos valores, a partir de hoje.
“Há postos que recebem combustível todo dia. À medida que forem recebendo a gasolina com reajuste da refinaria, vão repassar”, diz Oliveira.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, calcula que o impacto do aumento da gasolina nas refinarias será de cerca de 4% nas bombas. Conforme o especialista, o aumento é insuficiente para a Petrobras, mas alivia o caixa da empresa. Sobretudo, acrescentou Pires, o reajuste demonstra que a presidente da empresa, Maria das Graças Foster, conseguiu convencer o governo da necessidade de aumento, mesmo com a inflação em alta. Ainda de acordo com o especialista, a alta terá impacto de 0,13 ponto percentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O economista Fábio Romão, da LCA Consultores, calcula que, no varejo, o reajuste levará a uma alta de 5,3% na gasolina e 4% no diesel. No ano, o principal índice de inflação do país deverá subir 0,3 ponto percentual por causa dos combustíveis, acrescenta.
A Petrobras avisou ao governo no ano passado, quando da elaboração do Plano de Negócios, que precisaria reajustar a gasolina e o diesel em 15%, de forma a conseguir financiar os investimentos de US$ 236,5 bilhões previstos para o período 2012-2016. “Esse reajuste foi definido levando em consideração a política de preços da companhia, que busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo”, informou a estatal no comunicado.
Mercado externo
Em 25 de junho, a gasolina foi reajustada nas refinarias em 7,83%. Agora, faltaria cerca de 7% para que a pretensão da estatal fosse atendida. O diesel recebeu dois reajustes desde então. Um de 3,94%, em 25 de junho e outro de 6%, em 16 de julho.
Apesar de o percentual do aumento da gasolina ser pouco inferior ao previsto no Plano de Negócios, a alta concedida no diesel poderá compensar o resultado. O diesel é o combustível com maior impacto no balanço da companhia.
Os preços da gasolina e do diesel sobre os quais incide o reajuste anunciado não incluem os tributos federais Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) e PIS/Cofins e o estadual Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de acordo com a Petrobras.
O aumento não acaba com a defasagem de preços dos combustíveis vendidos pelas refinarias da Petrobras em relação ao mercado internacional, mas garante a continuidade de projetos e investimentos. Além de aliviar o caixa da companhia, que registra prejuízo de cerca de US$ 1 bilhão ao mês com a diferença entre os preços de importação de diesel e gasolina e os praticados no mercado doméstico.
Fonte: Zero Hora