Como eu gosto de lembrar do senhor
E de tudo o que aprendi com o senhor
Que saudade de quando íamos trabalhar juntos
Na roça de milho
Do feijão
Do arrozal que plantava
Quando ia tratar da criação
Na pescaria
Lembra quando eu estava sentado na beira do rio e o senhor me salvou da cobra que estava do meu lado roubando o peixe do samburá?
O senhor me ensinou a trabalhar com trator
Até meu chapéu era igual ao seu, dobrado dos lados
Meu pai
Que gostoso quando íamos para a cidade de charrete
A nossa charrete, a nossa Princesa
O poncho cobria nós dois do frio e da chuva
Lembra quando fomos para a cidade no caminhão da turma e deu um forte temporal, e o caminhão nos deixou?
Mas o motorista da outra fazenda deu carona
Chovia muito
Tínhamos que passar numa ponte estreita
Um atrás do outro
O senhor usava aqueles sacos de açúcar da época para trazer a compra
Amarrava de dois em dois e colocava no ombro
E, naquela noite de tempestade
Quando fomos passar, caímos os dois com a compra
Lá embaixo, no escuro, no meio do mato
Tivemos sorte que não caímos no rio
Aquele barulho da enchente
Raios e trovões
Foi muito difícil passar de uma fazenda à outra
Para chegar em casa
Pai
O senhor está nas minhas poesias
Nos contos
Nas músicas
Sabe
Está chegando o Dia dos Pais
Há 46 anos passamos juntos
Depois de um mês, papai do céu te levou
O Dia dos Pais traz muitas recordações
Eu também sou pai
Sou muito feliz
Mas estou aqui lembrando de todos os pais
Meu sogro foi um grande pai para mim
E amigo também
Mas ele partiu na véspera do Dia dos Pais, há 10 anos
Meu irmão também nos deixou no mesmo ano
As recordações são muitas
Muitos pais na nossa família, os amigos também são tantos
Pais que estão lendo esta poesia
Aos que descansam, sejam lembrados em oração
E a todos os familiares e amigos:
Feliz Dia dos Pais
É o que eu desejo de coração