Dois irmãos trabalhavam juntos numa fazenda
E naquela tarde de Quinta-feira Santa
Essa ordem passava a eles o administrador:
“Vocês hoje irão trabalhar juntos no mesmo trator”
Eram 5 da tarde
Seguiram as ordens que o homem acabara de passar
A noite inteira eles teriam que trabalhar
Iriam remover as terras de uma área de plantação de tomates
Cuja colheita acabara de terminar
E onde nova lavoura de cana iria formar
Então seguiram rumo ao trabalho começar
Chegando naquele lugar
Somente um rancho ainda existia
Com algumas caixas de tomates vazias
Era onde seus pertences ficariam
Enquanto um trabalhasse, o outro dormiria
Mas como estava claro, apenas a janta, a água e o café ali deixariam
Seguiram os dois na máquina
Um fazia companhia enquanto o outro dirigia
Depois de algumas horas trabalhando
Avistaram um tatu na terra revirada pelo trator, andando
Se esquecendo do dia Santo
Ficaram os dois animados e disseram
“Para amanhã teremos um virado de tatuzinho”
Pararam a máquina, correram e pegaram o bichinho
Foram para o rancho levando o animalzinho
Lá chegando
Pegaram uma caixa de tomates vazia
Amarraram um arame no pescocinho
Fazendo um laço bem apertado
Prenderam o arame na caixa
E ainda colocaram uma pedra em cima
Tomaram café e saíram contentes de volta ao trabalho
Agora animados que perderam até o sono
Os dois irmãos voltaram juntos
Talvez um não querendo ficar sozinho
Trabalharam mais um pouco
Já era chegada a hora da refeição da meia-noite
Ou seja
Noite de Sexta-feira Santa
Não é costume trabalhar nesse dia
Mas ao amanhecer iriam embora
Chegando no tal rancho
A caixa estava lá com a pedra fazendo peso
Só quando desse a hora de voltar para casa iriam pegar
Na madrugada, foram para o rancho buscar os pertences
E o tatuzinho que iriam levar
Mas quando tiraram a pedra pesada
Qual foi a surpresa?
Ao levantar a caixa de madeira
Somente o arame e a argolinha bem-feita que prendia o tatu estavam lá
Nenhum sinal de arranhão e esforço
Nenhum dos dois iria comer o pobre do tatu
Ficaram então apavorados
E quase saíram na carreira
Ao se lembrar que Santa era aquela Sexta-feira!