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Minhas férias do mês de Julho

Ao se aproximar os dias, em que mais um mês de junho vai se findando, dando lugar para a entrada do mês de julho, atiçou-me a lembrança do tempo em que eu estudava no Grellet, e, mais tarde na Jeni Apprilante.

Nesta época já começávamos a fazer a contagem regressiva dos dias para as férias escolares de julho, onde teríamos um período de merecido descanso, afinal de contas, ninguém é de ferro, a gente comentava.

Nesse tempo, criança gostava mesmo era de ser criança. E as nossas brincadeiras eram puras, com toda a liberdade que as ruas com baixo movimento de veículo nos dava, ou nas praças ou em qualquer outro lugar, todo lugar era aproveitado e brincava-se o dia todo, que antes, parecia ser mais longo do que os dias de hoje.

Os meninos e meninas da mesma faixa de idade brincavam juntos na rua, enquanto os jovens, por sua vez, aproveitavam para namorar ou ir para uma “prainha” na cidade de Americana, que era muito frequentada nesse tempo. Programavam o dia e saiam em vários carros e lá iam a “turma” – como se dizia nessa época.

Eu particularmente, sempre reservava uns dias das minhas férias de julho, para passear na cidade de Porto Feliz, onde residia a minha vovó Isaura, onde ia com meu irmão Gerson. Parecia-me nem ver os dias passar, pois quando menos esperava, o mês de julho estava no fim, e era preciso voltar para casa.

Em Porto Feliz, a gente aproveitava para passear em pontos turísticos da cidade, que nessa época tinha variadas atividades culturais para ocupar os dias de férias escolares dos alunos daquela cidade.

A visita sem dúvida obrigatória para nós, era ir à Gruta, onde se poderia admirar as belezas naturais daqueles paredões enormes, formados pela natureza ao longo dos anos, onde as araras pousavam para se alimentar da areia dos paredões – daí a cidade ter sido anteriormente denominada pelos indígenas que habitaram aquele lugar de “Araritaguaba” – que significa: “lugar onde as araras comem areia”.

Assim eram as minhas férias escolares, com as ruas de Rafard, cheias de crianças, brincando o dia todo de bola, amarelinha, esconde-esconde, bastão, bolinha de gude, pião, entre tantos outros brinquedos, mas todos alegres e felizes, aproveitando o dia.

Posso afirmar sem errar, que me sinto um privilegiado por ter sido criança e depois adolescente numa cidade em que se conhecia todos os moradores, num tempo em que costumo chamar de “época de ouro”, pois se não tínhamos internet, éramos mais ativos, mais criativos em nossas brincadeiras, com mais tempo livre para exercitar corpo e mente.

Minhas férias do mês de Julho

As crianças e os jovens da minha época tinham que “fabricar” seus próprios brinquedos, os quais eram feitos com latinhas, com carretéis de linha, elásticos, entre outros.

Carrinhos eram feitos de um pedaço de madeira, as bolas feitas de meia, as palhas do milho, viravam petecas e as bonecas eram feitas de retalhos de pano. E até um pneu velho de carro ou de bicicleta, virava um brinquedo, sem contar os carrinhos de rolimãs que era o top dos brinquedos nessa época inesquecível.

Quando não tinha brinquedos, brincava de esconde-esconde, apostava-se corrida, ia nadar nas lagoas, jogar bastão ou bola nas ruas que eram todas de terra. Subíamos nas árvores para fazer um balanço e bastava uma corda e um pedaço de madeira. Vivia-se com os joelhos ralados e as unhas pretas de terra. Antes de dormir, uma bacia com água quente preparada pela mãe e depois Merthiolate e no dia seguinte estava zero bala (era assim que a gente falava).

Mas como tudo o que é bom, dura pouco, terminadas férias, retornávamos às aulas com as baterias recarregadas e com um sentimento de prazer pelo reencontro dos colegas que ficaram longe da gente e com os professores que sempre queria saber como foram nossas férias. E cada um de nós, tinha uma novidade para contar.

São esses dias, os melhores de minha existência, e, que guardo numa gavetinha especial do cofre de minha memória, onde se lê em letras douradas: “Tempos Felizes – Anos dourados”.

Creio que assim como foram os melhores anos de minha vida, o foram cada qual em seu tempo, na vida de todos, pois a maioria que hoje já passou dos sessenta, viveu uma infância feliz, ainda que de família humilde e passou por tudo que descrevi acima, pois, não há como esquecer aqueles que foram os melhores anos de nossas vidas.logo do fundo do baú raffard

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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