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Contos do Caipira: O pipoqueiro – Capítulo 2

Era da sorte de cada um: às vezes, bolinha de gude, bonequinhos de plástico, bexigas, anel de brinquedo, coisas que iam deixando as crianças cada vez mais curiosas e não viam a hora que o seu Maciel aparecesse!
Seu Elias já deixava certo o dinheiro para dona Cármen, e avisava: era um para cada um!
Então, tinha que escolher e, saísse o que fosse, tinha que se contentar.
Até que um dia…
Seu Maciel não apareceu!
E dona Cármen não sabia o que fazer para distrair as crianças.
Passaram-se dias e Leozinho só pedia pipocas, doce com bexiguinhas, e foi cada vez mais adoecendo. Seu Elias, o pai, saiu desesperado à procura de pipocas e o tal doce com bexiguinhas, e até mesmo perguntava do pipoqueiro seu Maciel, e nada!
Encontrou, bem longe, um agricultor que tinha plantação de milhos de pipoca. Dona Cármen fez, estourou muitas pipocas, mas Leozinho queria mesmo as que o Seu Maciel trazia.
O pipoqueiro seu Maciel não mais apareceu, e Leozinho foi adoecendo, adoecendo, até que um dia foi morar no céu.
A tristeza foi tomando conta da família. Do seu Elias, de dona Cármen e do Luquinha.
Então, seu Elias vendeu tudo: a casa, o sítio e foi para bem longe.
Mas há quem diga que o cheiro de pipocas e doces com bexiguinhas ainda está na casa.
Mais tarde, foram saber que o pipoqueiro, seu Maciel, havia falecido, por isso não passou mais naquela vila, naquele lugar de pouco povoado.

Hoje, o local, o caminho por onde passei, é um bairro com muitos moradores, principalmente artesãos. É bem pertinho do mar e com bastante comércio, dos mais diversificados.
É a Praia de Camburi, no litoral Norte, em São Sebastião.

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Toninho Junqueira

Toninho Junqueira é locutor há mais de 40 anos, escritor e restaurador de cadeiras antigas e imagens sacras. Desde 2021, conduz sua própria rádio, a São Gonçalo, com 24 horas de programação sertaneja raiz. Fale com o autor por telefone ou WhatsApp: (19) 99147-8069.

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