Um estudo recém-lançado pelo NIC.br revelou uma triste realidade: somente 11% das escolas públicas no Brasil têm uma conexão de internet banda larga adequada para o uso pedagógico, ou seja, das 32 mil escolas monitoradas apenas 3.640 escolas contam com infraestrutura digital adequada. O levantamento, feito por meio de um teste de velocidade de internet, foi divulgado na última semana de maio de 2024, no Fórum da Internet no Brasil (FIB 14).
Apesar de avanços nos últimos anos, o uso pedagógico de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) em sala de aula ainda é limitado. De um total de 137.208 escolas estaduais e municipais, 89% têm acesso à internet banda larga, e apenas 62% utilizam a rede para ensino e aprendizagem. Além disso, somente 29% possuem computadores, notebooks ou tablets para os alunos, com uma média de um dispositivo para cada 10 estudantes no maior turno escolar.
Velocidade de Conexão Insuficiente
O estudo “Panorama da Qualidade da Internet nas Escolas Públicas Brasileiras” destaca que, das 32.379 escolas monitoradas, apenas 3.640 cumprem a meta de velocidade de download recomendada pela Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (ENEC) do Governo Federal, que é de 1 Mega por aluno no turno de maior movimento. Conexões abaixo desse padrão dificultam a realização de atividades que demandam maior banda, como o streaming de vídeos, limitando assim o potencial pedagógico da tecnologia.
Diferenças Regionais e Desigualdades
A pesquisa também aponta grandes desigualdades entre as regiões do país. Norte e Nordeste possuem menor cobertura e qualidade de conexão de internet, embora algumas áreas urbanas dessas regiões apresentem boas condições. Já as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste mostram maior universalização da cobertura de internet fibra desde 2022. Além disso, há disparidades entre escolas em áreas urbanas e rurais, indígenas e assentamentos, com as primeiras geralmente tendo melhor conectividade.
A Luta por uma Educação Conectada
Embora a média nacional de velocidade de download por aluno ainda esteja abaixo do recomendado, houve uma pequena melhora de 0,19 Mega em 2022 para 0,26 Mega em 2023.
Estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás lideram com cerca de 0,5 Mega por aluno, enquanto Amazonas, Acre e Amapá estão na lanterna com aproximadamente 0,1 Mega por estudante. Cristiane Honora Millan, uma das autoras do estudo, destaca que, apesar da baixa qualidade da internet nesses estados, eles apresentaram os maiores avanços em relação ao ano anterior. A falta de tecnologia adequada pode ampliar as desigualdades, alerta Kuester Neto, que enfatiza a necessidade de tratar a conectividade e os dispositivos digitais como um direito dos estudantes.