Ocupando uma das cadeiras do Legislativo desde 27 de setembro, Reinaldo da Silva Flausino (PDT) se diz um político que trabalha com independência, acima de interesses partidários de situação ou oposição, “representando e defendendo, com dignidade e coragem, as expectativas de cada rafardense”.
Com ele, que por 90 dias (até dezembro) substitui Mauro César Piffardini Savassa (PSDB), O Semanário dá sequência à série de entrevistas com os vereadores do município. Sem “papas na língua”, ele avalia a atuação do Legislativo e Executivo, fala em perseguição a alguns vereadores e diz haver “dois pesos e duas medidas” no governo municipal. “Rafard vem observando esta Administração perseguindo aqueles que visualizam a política de uma forma diferente, defendendo a igualdade e a população”, garante ele, questionando também que a liberdade de expressão não está sendo respeitada. “Só é bom aquele que não questiona, que não cobra, ou aqueles que fingem cobrar o Executivo, para dar impressão de independência”. Confira.
O Semanário – Desde setembro, quando assumiu como vereador e até mesmo no período em que esteve como suplente, entre tudo o que fez, o que considera como principal?
Reinaldo Flausino – O que considero principal é o fato de ter sido e sempre ser leal com a nossa gente, representando e defendendo com dignidade e coragem as expectativas de cada rafardense. Não sou de situação ou de oposição sistemática, mas trabalho com independência. Nesse pouco tempo de exercício, fiz nove indicações e três requerimentos. Uma das indicações foi para que melhorasse a organização do loteamento dos jazigos, túmulos e a documentação do cemitério municipal, bem como a colocação de um mapa na entrada principal, isso evitaria que se repetisse o que houve recentemente: o sepultamente de dois corpos de famílias diferentes num mesmo lugar, constrangendo as duas famílias. Indiquei também que fosse criada a Semana de Redação e Leitura no calendário oficial da Diretoria de Educação e que se chamasse Semana Jornalista José Maria de Campos, desta forma estaria homenageando o saudoso e dedicado jornalista que tanto contribuiu e amou nossa “Cidade Coração” e estaria também incentivando os alunos da rede municipal a aumentarem a prática da leitura e redação. Infelizmente, ainda não fui atendido em nenhuma das minhas indicações.
O Semanário – De modo geral, que análise você faz sobre a atuação do Legislativo nestes quase três anos de gestão?
Flausino – A Câmara estava indo bem no desempenho de sua função, que era exercida dentro do processo legislativo, por meio de emendas à Lei Orgânica, leis complementares, leis ordinárias, resoluções e decretos legislativos e sobre todas as matérias de sua competência. Na função de fiscalização, sobre os aspectos contábil, financeiro, orçamentário e patrimonial do município, exercida por meio de requerimentos sobre fatos sujeitos à fiscalização da Câmara e pelo controle externo, com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado, compreendendo a apreciação do parecer do Tribunal sobre as contas da Prefeitura e o acompanhamento das atividades financeiras do município. Porém, ultimamente, parece-me que, por motivos meramente politiqueiros, o Legislativo passou a tomar um rumo muito perigoso, onde a liberdade de expressão e de entendimentos não está sendo respeitada, ou seja, só é bom aquele que não questiona, que não cobra, ou aqueles que fingem cobrar o Executivo para dar impressão de independência, mas na semana seguinte já sabiam que a reivindicação seria atendida e aí agradecem o empenho magnífico da Prefeitura. Rafard vem observando essa administração perseguindo aqueles que visualizam a política de uma forma diferente, defendendo a igualdade e a população. Exemplo recente é que denúncias objetivando a cassação de vereadores que cobravam e muitas vezes discordavam do Executivo foram aceitas e outras denúncias contra vereadores que eles dizem da base aliada não são aceitas, havendo dois pesos e duas medidas. Ainda presenciamos, pela primeira vez na história de Rafard, nesta administração, a Câmara dos Vereadores em sua maioria votar contra o Tribunal de Contas, que aprovou os quatro anos da administração Dr. Vicente [ex-prefeito]. O órgão competente, formado por pessoas que estudaram e se capacitaram tecnicamente, foi vencido por alguns vereadores que nem sequer tinham lido o parecer final completo do Tribunal de Contas, sem darem o direito constitucional de defesa ao ex-prefeito, julgando ainda fora do prazo exigido pela lei. Quem não lembra, no começo desta administração, numa coletiva de imprensa, várias acusações do prefeito atual [Márcio Minamioka, PMDB] ao prefeito anterior, dizendo que o Centro Cultural poderia cair, colocando em risco a população e até hoje está aberto e não caiu na cabeça de ninguém. Diziam ainda que o ex-prefeito tinha deixado grande dívida, mas o Tribunal de Contas não entendeu da mesma forma, aprovando suas contas, pois, na verdade, deixou muito dinheiro, mesmo a cidade naquela época tendo a metade da arrecadação atual.
O Semanário – Até agora, como avalia o trabalho do Executivo (gestão 2009/2012)?
Flausino – Faltam apenas onze meses, ou seja, menos de um ano para as eleições municipais e o Executivo ainda não conseguiu decolar. Os resultados ainda não apareceram, pois se preocupam mais em criticar a administração anterior e lutar para deixar inelegíveis possíveis concorrentes, do que cumprirem suas promessas de campanha.
O PSF [Programa Saúde da Família] e a Creche [Pró-Infância] foram obras que a administração anterior conquistou, deixou verbas e até agora o prefeito municipal não terminou e nem colocou para funcionar. Conseguiram ainda perder várias verbas conquistadas pela administração Dr. Vicente, como recurso para pavimentar a avenida dos Moreiras, verba conquistada para construir o portal da cidade, verba para construir e mobiliar o Cras [Centro de Referência da Assistência Social], recurso para cuidar 100% do esgoto de Rafard.
O Semanário – Tem conseguido por em prática as propostas apresentadas à população nas eleições de 2008, quando ainda pleiteava um cargo no Legislativo?
Flausino – O pouco tempo em exercício ainda não me permitiu e acredito que a situação atual da Câmara também não me permitirá colocar as propostas e os projetos que tenho em prática, pois hoje estamos em minoria. São sete vereadores da base aliada e apenas dois que atuam com total liberdade. É necessário que haja uma oposição e situação conscientes, pois só assim a democracia é possível e a população estará protegida.
Para se ter uma ideia do que estou dizendo, na ultima sessão foi votado um projeto de lei de resolução que proíbe o uso de celular, rádio e similares durante sessões e outros eventos. Eu e o vereador Fernando Moreira [PDT] argumentamos que o projeto prejudicaria os profissionais de imprensa, como jornal, rádio e internet, que necessitam destes instrumentos para realizarem seu trabalho. Argumentamos também que os policiais e guardas não poderiam usar os rádios durante as sessões, o que prejudicaria a população em caso de ocorrências. Médicos também não poderiam mais frequentar o local, pois dependem de comunicação para atenderem casos emergenciais de pacientes. Mesmo com argumentos fortes e a solicitação para que fosse mudado o texto da referida lei, a mesma foi aprovada por seis votos a dois.
O Semanário – O vereador deve ficar no cargo somente até dezembro, quando Mauro César Piffardini Savassa (PSDB) retorna ao Legislativo. Mesmo tendo pouco tempo para trabalhar, há algo de destaque que ainda pretende realizar?
Flausino – Tenho, sim, e a população poderá acompanhar minha luta para convencer a tal base aliada, pois precisarei de parte desses votos para colocá–los em prática.
O Semanário – Mesmo que ainda de forma discreta, a corrida eleitoral já começou. O vereador tem pretensões para a disputa das eleições em 2012?
Flausino – Ainda é muito cedo, as eleições acontecerão no início de outubro de 2012! Minha família hoje prefere que eu não me preocupe com reeleição, mas com a população e dê o melhor de mim agora, com independência e coragem, e após esta rápida passagem pelo Legislativo eu dê um tempo na minha carreira política para dedicar-me mais à carreira profissional na área de segurança do trabalho.