Esta semana, uma notícia repercutiu positivamente entre os cidadãos de Capivari e Rafard: os prefeitos Vitão Riccomini e Fabinho Santos, respectivamente, assinaram um convênio significativo com o Governo do Estado de São Paulo para a construção de casas populares. Capivari foi contemplado com um aporte de cerca de R$ 12 milhões, enquanto Rafard receberá R$ 6 milhões para investimentos similares. A iniciativa, sem dúvida, traz um vislumbre de esperança para muitas famílias que sonham com a casa própria.
Ambas as cidades ainda não divulgaram o local e a quantidade de casas que serão construídas, muito menos a previsão do início das obras.
Investimentos em habitação são fundamentais para garantir dignidade e qualidade de vida aos cidadãos. Contudo, enquanto celebramos esses avanços, não podemos deixar de refletir sobre os desafios que tais projetos habitacionais impõem aos municípios, especialmente em termos de sustentabilidade municipal.
Construir casas é apenas o primeiro passo. O verdadeiro desafio começa com a integração desses novos conjuntos habitacionais ao tecido urbano existente. As cidades devem estar preparadas para oferecer não apenas moradia, mas também infraestrutura adequada, incluindo saneamento básico, água potável, acesso à saúde, educação, segurança e áreas de lazer. Tudo isso demanda investimentos substanciais e contínuos.
A arrecadação de IPTU e as tarifas de água e esgoto, muitas vezes vistas como as principais fontes de renda municipal, são insuficientes para cobrir os custos adicionais que o aumento populacional demanda. Em Rafard, a situação é ainda mais delicada. A cidade, já conhecida como um município “dormitório”, sofre com a escassez de fontes de renda próprias, dependendo em grande medida dos repasses estaduais e federais para realizar melhorias.
É imperativo que, junto com a celebração desses novos investimentos, haja um planejamento estratégico profundo. Os gestores municipais devem buscar novas formas de geração de receita e garantir que a expansão habitacional não se transforme em um fardo financeiro insustentável, comprometendo a qualidade dos serviços públicos oferecidos aos residentes atuais e futuros.
Portanto, enquanto aplaudimos os esforços e a colaboração entre municípios e o governo estadual, faz-se necessário um olhar crítico e planejador para que o progresso não deixe ninguém para trás. A construção de um futuro melhor para todos exige mais do que tijolos e argamassa; exige visão, compromisso e responsabilidade fiscal para que a expansão seja sustentável em todos os sentidos.