Saiu de casa logo cedinho, como todos os dias fazia, aquele homem para trabalhar.
Andava a pé, cabeça baixa, pensativo. O que mais pensava era nas contas que tinha pra pagar.
Ganhava pouco e, com problemas de saúde, já era muito o que tinha que gastar.
Ali, viu um maço de cigarros, uma embalagem vazia que os fumantes costumam amassar e jogar fora.
Batendo certa curiosidade, abaixou para pegar o tal maço de cigarros Marabá.
Como naquele tempo as crianças e os jovens tinham costume de pegar as embalagens vazias de cigarro para fazer uma coleção que chamavam de cinta, quando encontrava um maço vazio, levava para as crianças dobrarem e fazerem a cinta.
Seria mais uma marca de cigarros diferente que levaria para os pequenos.
Mas, quando abaixou para pegar a tal embalagem vazia, notou algo estranho e resolveu desamassar e dar uma olhada, pensando que ainda podia ter cigarros.
Ao colocar os dois dedos para abrir o tal maço de Marabá, além do papel prateado que envolvia os cigarros, havia mais uma coisa. Foi logo com jeito tirar.
E qual tamanha a surpresa, que seus olhos começaram a marejar!
O dono do tal maço de cigarros teve um cuidado ao dobrar algumas notas, talvez um pagamento. Tratou logo de guardar!
Colocou no bolso, não tinha tempo para contar, e sim em sua casa chegar!
Ainda tremendo, pensando que alguém podia aparecer, sentou-se na porta da cozinha e foi logo contar!
Não era muito, mas para este homem, que desesperado vivia, dava e até sobrava para pôr suas contas em dia!
Enquanto as crianças corriam colocar mais uma marca de cigarros para aumentar a cinta,
o pai, sem dizer a ninguém, sorria de contente com o dinheiro que acabava de contar no maço de cigarros Marabá.
Isso é verdade, mas o nome do tal homem eu não posso revelar.
Nem o nome e nem o lugar!
Mas, desse dia em diante, até eu ando de cabeça baixa. Já encontrei até brincos de ouro!
Mas eu só posso dizer que alguém tem que perder para outro poder ganhar.
E quem perde pode até chorar.