ArtigosRubinho de Souza

O mamão do nono Leandrin!

Quinta-feira, quase 17 horas, eu saindo de casa pra buscar o Leandro no trabalho, eis que tio Toninho Quibao, meu colaborador em “memorias de época” para meus causos está passando em frente de casa e diz que leu “A caipirinha do nono Quibáo” e lembra da época das festas do nono, que o nono Leandrin participava como convidado, e de uma vez que levou um mamão enorme, doce como nunca mais provou, mas olha que ele tem um sitio onde produz frutas maravilhosas como as mangas e pitaias que nos trouxe outro dia! E não se acanhe, pode trazer mais!

Na hora comentei com ele que esses dias estava lembrando do pomar que o nono tinha ao lado de casa, aí, lembranças correm soltas, e lembrei do pé de laranja lima, doce como um mel, o pé de figo, que ele cuidava com muito carinho, um pé de pera, um de pêssego, é inacreditável que um terreno ao lado da casa dele, de aproximadamente 10×25 metros poderia produzir tantas frutas, além do galinheiro, que ele tinha no fundo, e aos finais de semana a gente vinha pra cidade, direto da fazenda Itapeva, e a nona Nega matava uma galinha pra fazer no domingo, galinha essa que eu ajudava preparar, cozinhando com os olhos, e quando um pedaço estava cozido, ela me dava pra eu comer com pão e leite, leite esse que não entendia porque era melhor que o de Itapeva, não sei se era por ter mais café do que minha mãe colocava lá, ou era aquela moderna xícara de colorex, escrevo essas memorias direto da casa que o Nono Leandrin ganhou do pai dele, o Domenico Ruzza, mais conhecido como Domingos Ruzza, que até virou nome de rua, aos 15 anos de idade.

Comida de Nona, só quem provou pode descrever, não sei qual é essa magia, mas voltando ao pomar do nono, o tempo passou, os pés de fruta foram morrendo, outros foram colocados no lugar, como um de acerola, novidade na época, que ganhei de meu amigo Décio Leite, uma daquelas pessoas que tem “o Dom”, e tem o privilégio de trabalhar no que ama! Essa acerola gerou muitos “filhos”, pois o nono Leandrim tinha o “dedo verde”, e conseguia fazer mudas das plantas mais difíceis, como a rosa que era sensação na época, o Príncipe Negro, lembro de um menino, filho de uma freguesa na venda dele que queria uma muda da magnifica Dama da Noite que ele tinha no jardim de casa, e ele conseguiu tirar.

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O mamão do nono Leandrin!
O mamão do nono Leandrin!

Escrevendo essas lembranças sinto o perfume dela, numa noite que seu grande amigo Armando Garcia foi consertar sua TV Philco valvulada, e depois do serviço a gente estava conversando no portão da casa, o perfume da árvore, e o Armando me diz pra fazer eletrônica, ao invés de química, pois estava em dúvida entre as duas, na mesma semana fui até o correio postar a minha matrícula no Instituto Radiotécnico Monitor, e minha vida profissional foi traçada!

Mas não tem como não lembrar do perfil do Nono Leandrim, aquele senhor sério, mas que por dentro era muito brincalhão, uma tarde de domingo eu fui na casa dele pegar umas laranjas para eu chupar depois de jantar, ele muito solicito me ajudou, peguei muitas laranjas baianas, pera e até lima que ele tinha, chegando em casa para jantar, nessa época ele ia com a nona Nega almoçar e jantar lá aos domingos, ele foi comigo até ao quintal onde comecei chupar as laranjas, depois de uma lima, peguei uma linda, bem amarela e redonda, quando dei aquela mordida, até travou a boca, era mais azeda que um limão, e ele disse, tem mais uma dessa aí! Um dos pés de laranja tinha uma que era azeda demais, só servia pra suco, mas ele fez questão de me presentear com duas! Notei que a conversa dele comigo estava muito mole, e depois dessa laranja ele saiu dando risada! Ô Tempo bom!

Relato de Jr Quibao, em Rafard/SP aos 08/02/2024 às 21:20 horas.

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