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O velho e bom “fogão de lenha”

Muitos da atual geração desconhecem que antigamente a alimentação da família era toda preparada no fogão a lenha presentes em todas as casas, e para abastecer o fogão era necessário “catar gravetos” ou “lenhar’ como se dizia naquela época em que nossa mãe nos instruía logo cedo, a ir até o São Francisco – hoje bairro residencial – buscar lenha seca para ela poder fazer o almoço.

Nas casas dos moradores dos operários da usina, vinham caminhões cheios de lenha para abastecer os fogões de lenha das casas (foto ilustrativa), fazendo distribuição conforme suas necessidades. Havia pessoas que eram pagas somente para ajudar a descarregar as madeiras, muitas vezes pesadas, que depois eram “rachadas” na cunha e machado para pequenos pedaços.

Ninguém que viveu essa época e provou da comida feita em fogão de lenha, poderá negar que o gostinho é incrível. Isso porque o cozimento dos alimentos nesse tipo de fogão é mais demorado e, assim, os alimentos ficam muito mais saborosos e os caldos bem mais encorpados. Nem se compara, o sabor do feijão cozido num fogão a lenha com o que é feito no fogão convencional.

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O fogão a lenha nesse tempo ao qual me refiro, era responsável pela preparação de toda a alimentação das fazendas, das casas das roças e em tempos de frio intenso era fonte de aquecimento para todos os moradores da casa, que se reuniam na cozinha, primeiro para o café já torrado e moído na hora e passado fresco. Esse era o costume da maioria das famílias.

O velho e bom “fogão de lenha”
O velho e bom “fogão de lenha”

Sem contar que servia também para esquentar a água para as pessoas tomarem os banhos que eram na bacia, e, depois quando havia o chuveiro, eram improvisados baldes de água que era aquecida e colocada no tambor que abastecia o chuveiro.

Nesse tempo as comidas eram muitos mais simples e também muito mais saborosas. Nos sítios e fazendas era comum preparar o angu de fubá, a mandioca, a fervura do leite, a fritura de todas as carnes que depois eram acondicionamento em latas, submersas em gordura, pois dessa forma é que se guardava os alimentos para não estragarem, devido à falta da geladeira.

Temos até um bairro em nossa cidade que remonta dessa época, cujo nome, provavelmente seja atribuído pelo fato de existir lá nesse tempo, apenas cinco casas, cujo local, passou a ser conhecido por “Sete Fogões” e o é conhecido assim até hoje.

Nos dias de hoje o fogão a lenha é encontrado em vários locais que têm o turismo rural como atração e fonte de renda e tem reconquistado seu valor. O que há algum tempo atrás com o advento da tecnologia, se tornou obsoleto e por muito tempo era apenas uma peça decorativa, considerado como algo sem importância, significando algo caipira, sem valor e que remetia à roça, voltou a ter seu valor, visto que o sabor “caipira” tem conquistado cada vez mais as pessoas de bom gosto.

As pessoas nascidas e criadas na roça sempre souberam dar valor pela grande utilidade que o fogão a lenha teve na vida das famílias há muito tempo, e, o quanto ele fora útil por suas qualidades no preparo dos alimentos, testemunhando lutas e transformações dos povos e ajudando na criação de várias gerações, que foram se inventando e se reinventando até nossos dias.logo do fundo do baú raffard

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