Leondenis Vendramim

Perdão, feitio do bom caráter

O grego antigo usava quatro palavras para expressar diferentes tipos de amor: storge, o amor familiar, filia, amor entre amigos, éros, amor sensual, sexual e ágape, amor mais puro e elevado. De filia temos “filósofo”, amigo da sabedoria; “filogenia” amor pelas mulheres; filantropia, amor pela humanidade.

Excetuando ágape, é prudente priorizar filia sobre as outras formas de amor, mais passageiras e sem sentimentos. Para Aristóteles, filia é a prática da gentileza, amabilidade e bondade sem esperar coisa alguma em troca e sem proclamar o feito.

Os gregos, como os hindus, tinham deuses para tudo, terra, ar, vulcão, tudo era deus. Na mitologia grega Éros, um deus alado, muito bonito, atraente. Para Hesíodo, ele era filho de Caos (vazio, derrocamento, ruína) para outros, um dos filhos de Afrodite, deusa linda, sedutora, dada ao amor e ao sexo. Éros era caracterizado pela, paixão e desejo, associado ao prazer, à atração física e sexo.

Para Platão, Éros era a beleza da alma, através de quem, filósofos e amantes deveriam buscar a verdade. Platão compara o homem a uma carruagem alada, veloz, puxada por um cavalo preto e um branco, cujo cocheiro é o cérebro. O cavalo negro é o éros (os desejos sexuais), o branco é ágape, (desejos espirituais). Cabe ao cocheiro, ao cérebro, ou, à razão, o equilíbrio entre os cavalos.

Platão ficaria horrorizado com o nosso mundo hodierno, no qual as jovens se entregam, às vezes, com a aquiescência dos pais, à volúpia, ao desenfreado cavalo negro, a rapazes sem comprometimentos e sem amor, e até, a desconhecidos. Para o filósofo citado, o que une os homens, uns aos outros e estes ao Universo é o Bem Supremo (para nós o Deus, Criador do Universo).

Ágape significa amor no grego. Essa palavra foi usada de diversas formas em variadas fontes literárias. Esse é o amor de Deus para com todos os seres, de todo o universo e deve ser o nosso para com Deus sobre todos. Para muitos, o termo significa o amor de Deus pelo ser humano, revelado pelo amor de Jesus na cruz do calvário e seu “ágape” ao próximo, amigos e inimigos.

Vênus, a deusa dos romanos correspondente a Afrodite, chamava a atenção por sua beleza e por atrair os homens. Devido à inveja, algumas deusas, pediram a Júpiter, pai de Vênus, e este, atendendo-as, obrigou-a a se casar. Ela casou-se com Vulcanus, deus do fogo, feio e aleijado, que no subterrâneo, causava erupções com fogo.

Ela teve vários amantes: de Marte, deus da guerra teve alguns filhos, entre os quais, Cupido, deus do amor, que com suas flechas encantava as mulheres. Com Baco, deus do vinho, teve Priapo (daí o derivado priapismo), um deus quase anão e com um falo enorme, sempre enrijecido, é o deus do jardim, da fertilidade. Alguns escritores dizem ser Dionísio, o genitor de Priapo.

Da palavra latina “amor – amoris” (afeição, amor) recebemos a palavra amor, significando afeição, respeito. Este sentimento não se importa se será correspondido. É um amor voluntário e dirigido pela razão, o que difere da paixão que é irracional, fortemente emocional, e que se extingue, assim que os desejos e objetivos são atingidos.

É a capacidade que o ser humano tem de amar ainda que o amado não seja merecedor. É o caso do pai que ama o filho, mesmo sabendo do seu mau comportamento, e ainda que por ele seja ofendido. Contudo, é o amor materno que exemplifica melhor o ágape e se assemelha mais ao amor de Jesus.

Jesus veio a este mundo para restaurar o verdadeiro amor na humanidade e ensiná-lo na prática. Ele o fez pelos seus ensinos, sermões, parábolas e pela prática, curando. Porém, o seu inexplicável e desmedido amor é exemplificado pela sua vida irretocável e morte.

Jesus é, e era Deus, servido pelos anjos. Antevendo suas criaturas condenadas à extinção, não suportou permitir que elas sofressem no fogo até o seu desaparecimento. Assim como a mãe ama o filho ainda no ventre, Deus nos amou, antes da criação do mundo (1 Ped. 1:19-20), mesmo porque, Ele é onisciente.

O seu amor foi tão incomensurável que nasceu como homem, sofreu todas as provações que os humanos podem padecer. Depois de fazer o bem, e curar os enfermos, foi traído por seu discípulo, preso, amarrado, zombado, cuspido, coroado com espinhos, espancado, chicoteado, a ponto de dilacerá-lo, e pregado numa cruz. Ali, escarnecido, rogou a Deus que perdoasse aos seus algozes.

O ensino mais difícil de exercer é justamente esse: amar o inimigo como a si mesmo (Luc. 6:27), o inimigo que nos calunia, ofende e nos fere. Um assassino invadiu uma casa, roubou e matou brutalmente a mãe e seus filhos.

O chefe da família foi à prisão, conheceu e conversou com o bandido, ensinou-lhe sobre o amor de Jesus por um bom período. Deu-lhe uma Bíblia e orou por ele todo o tempo. O assassino tornou-se cristão.

Passados alguns anos ele foi libertado com a condição de ter um lar e alguém como seu tutor. O chefe da família assumiu essa dramática incumbência. Este fato aconteceu na Hungria, relatado pela Rev. Adv.

Enquanto o populacho grita: “lincha! Mata!”. Quem mais, além desse húngaro, aprendeu de Jesus?

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