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Sorria, você está sendo monitorado!

Vivemos na era da sociedade da informação em que as pessoas passam a conviver com o surgimento da era da invasão da privacidade, da mercantilização da intimidade, da monetização do comportamento e dos sentimentos e, por outro lado, é comum que as pessoas ajam de acordo com a intensidade de monitoramento sobre elas em vez de seguir ordens dadas por uma autoridade.

Essa nova forma de comportamento traz à tona o poder da vigilância nas decisões individuais que o indivíduo venha a tomar, pois tendem a se comportar de acordo com o que é monitorado em vez de seguir instruções diretas.

Quais, portanto, poderiam ser as possíveis razões que levam muitas pessoas a fazer aquilo sob as quais estão sendo monitoradas:

1-Desejo de serem conceituadas de forma positiva

É desejo do ser humano de ser bem visto pelos outros. Quando as pessoas sabem que estão sendo observadas buscam agir de acordo com as expectativas impostas, pois há uma consciência constante de que cada etapa do processo está sendo observado e registrado. Isso ocorre porque há uma preocupação em buscar aprovação, recompensas e evitar críticas. Esse monitoramento cria um senso de responsabilidade. Agora, quando se trata de seguir ordens diretas, as pessoas não experimentam a mesma pressão social e podem ficar mais propensas a resistir e questionar.

2-Senso de liberdade e autonomia

As pessoas têm a necessidade de estar no controle de suas ações para se sentirem autônomas. Quando recebem uma ordem direta, podem perceber que ficaram com à sua liberdade de escolha restringida. Mas, quando monitoradas, tem a ilusão de que estão tomando decisões autônomas, embora balizadas em limites preestabelecidos. Essa sensação de autonomia aumenta a probabilidade de que sigam as regras demarcadas pelo monitoramento.

3-Normas sociais

As pessoas tendem a se comportar de acordo com as normas sociais e expectativas do seu grupo de convívio. Quando estão sendo monitoradas, essas normas se tornam mais evidentes e ganham força. A presença de um monitor cria um senso de responsabilidade coletiva, no qual a realização individual passa a ser avaliada em relação ao grupo. Quando, a pessoa, recebe apenas ordens, a influência social do grupo é menos notória, o que pode levar a uma maior resistência.

4- Influência do exemplo

Quando uma pessoa é constantemente exposta a exemplos positivos de ações e comportamentos desejáveis, é mais provável que ela internalize esses padrões e os reproduza em seu próprio comportamento. O comportamento monitorado pode ser mais persuasivo, uma vez que as pessoas são influenciadas pelo exemplo de outras. Já, as ordens diretas podem ser entendidas como imposições autoritárias, e se tornarem fontes geradoras de resistência ou desconfiança.

5-Aprendizado

O monitoramento contínuo fornece às pessoas um feedback constante sobre seu desempenho. Elas podem ajustar seu comportamento e abordagem com base nesse feedback imediato, o que lhe permite melhorar e alcançar melhores resultados ao longo do tempo. Em contraste, as instruções diretas muitas vezes não fornecem esse feedback contínuo, limitando as oportunidades de aprendizado e melhoria.

Dentre estas razões apresentadas é importante reconhecer que o monitoramento contínuo tem impacto significativo no comportamento das pessoas. A transparência, a influência do exemplo e da autonomia são fatores preponderantes que influenciam as pessoas agirem de acordo com o que é monitorado em vez de seguir ordens diretas. Compreender esses fatores pode ser útil para que as organizações busquem melhorar a conformidade e a eficácia das ações dos indivíduos. Portanto, como líderes ou indivíduos que desejam influenciar os outros, é importante compreender esses aspectos e encontrar maneiras de equilibrar a supervisão com a autonomia, a fim de alcançar os resultados desejados de forma mais eficaz e, não se esqueça: sorria, você está sendo monitorado!

João Ulysses Laudissi, engenheiro e ex-diretor do Senai Rafard
João Ulysses Laudissi, engenheiro e ex-diretor do Senai Rafard

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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