Muitos confundem humildade com fraqueza de caráter ou impotência para reagir, mas contrariamente é a humildade que possibilita a clareza, a tonalidade e o vocabulário mais adequados para as respostas apropriadas aos dilemas enfrentados. Humildade não é sentimento de inferioridade ou de prostração. Ela resplandece a nobreza, a sobriedade e embeleza a personalidade.
A humildade possibilita responder às ofensas com palavras adequadas e assertivas que expressarão as verdades e advertências, com comedimento e prudência, que o ofensor necessita ouvir. Consequentemente, o humilde sempre terá melhor galardão e será mais honrado. Normalmente, acalma e torna o oponente reconhecido.
Durante toda sua vida Jesus enfrentou opositores, que propositadamente apresentavam-lhe questões com artimanhas, Ele os enfrentava com humildade, com arrazoamentos de sabedoria e firmeza. Nunca deixou de dizer a verdade, e nunca se exasperou. Ele é o grande exemplo a ser seguido por aqueles que pretendem ter um caráter nobre.
Certa feita vieram de Jerusalém alguns fariseus e escribas (seitas judaicas antagônicas mutuamente) tentar o Mestre: “Por que Seus discípulos transgridem as tradições dos anciãos? Pois não lavam as mãos quando comem.”
Não era questão de higiene, mas de tradição. E a resposta ponderada de Cristo: “Por que transgredis também o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? O Senhor lhes expôs a problemática moral acima da tradição: Eles desonravam aos pais deixando-os desamparados devido à tradição, ao dizer que o que possuíam era oferta ao Senhor, por isso não podiam ajudar aos genitores.
Colocavam a tradição acima do mandamento de Deus: “Honra a teu pai e à tua mãe” – o que era punido de morte. Assim invalidavam a Palavra de Deus. Por dentro de muitos honrados pela sociedade, acusadores dos semelhantes, seriam repreendidos por Jesus como: Hipócritas, pois honram a Deus com os lábios, mas o seu coração está longe dele. Em vão O adoram ensinando doutrinas de homens. São cegos guiando outros cegos e cairão ambos no buraco. (Mat. 15:1 -14)
Há uma outra boa razão para sermos humildes diante dos agressores, a saúde. O mundo está doente. A enfermidade do momento é o estresse. Por somenos importância tornam-se assassinos num trânsito cada vez mais caótico, inflamados pela poluição moral chamada “música” altíssima e enlouquecedora, ou no mínimo, estressante e ensurdecedora. Pobre juventude!
A neurociência diz que as emoções são as principais responsáveis por nossa saúde, bem-estar ou pelas nossas enfermidades. São as respostas aos sentimentos recebidos pelos órgãos dos sentidos. Tudo depende de nossa decisão ante os dilemas. Se explodimos em rancor, sofrem nosso fígado, baço, rins, pâncreas, coração, pulmões, estômago, teremos tensões musculares, estresse; todo o aparelho cognitivo e até a fala ficam deficitárias.
Quando recebo uma ofensa, a informação vai para o córtex frontal – região da análise. A minha decisão é importante. Se eu decidir perdoar, a informação vai para a íncola – região da empatia. Se eu decido pela resposta ofensiva, então a informação vai para a região têmpora-parietal – região da retaliação e ofensas.
Salomão aconselha com razão: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” Um bom treinamento do autodomínio é o lar. Experimente. Ao ouvir um desaforo de sua esposa, ou de seu marido, diga: “Meu amor, por que está me falando tão rancorosa (o)?” A (o) ofensora perderá a razão, sem discussão. Haverá mais amor e união, e menos desavenças na família. Pois a resposta áspera provoca a (o) contendora (or) a continuar e a acalorar a belicosidade e o final poderá ser desastroso. Outro provérbio (25:21- 22), diz: “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer, se tiver sede, dá-lhe de beber.
Assim fazendo amontoarás brasas vivas sobre sua cabeça, e o Senhor te recompensará.” Jesus nos ensina a religião prática: “… amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam.” (Luc. 6: 27-28) Isto não é retórica, mas efetiva ação daqueles que desejam paz e bem-estar. Jesus nunca aconselha errado, ou para o nosso mal.
Aquele que ora em favor do seu inimigo, em pouco tempo transforma sua ira em sentimento benevolente, desopila o fígado e o sangue irriga o organismo com mais pureza. Ao contrário, o azedume da raiva é levado pelo sangue e contamina todos os órgãos. Muito além da reconciliação social, diz a psicologia, que ao pacificador traz uma avalanche de benefícios para a saúde física, intelectual, e principalmente, emocional e espiritual.
Ao homem, líder da família, cabe ter o autodomínio e sabedoria para conduzir os seus familiares à paz, à felicidade e à vida saudável. É oportuno lembrar: “O temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e a humildade precede a honra.” (Prov. 15:33) “O galardão da humildade e do temor do Senhor são riquezas, honra e vida.” (Prov. 22:4) Todos os que desejam ser honrados devem palmilhar o caminho da humildade. “…aprendei de mim que sou manso e humilde…” (Mat. 11:29)