Daqui há alguns anos mais – vou falar de mim – mais ou menos cinquenta anos vai…Estarei morto e enterrado com meus pais, irmãos e familiares. Respeitados os limites de idade, inexoravelmente, o mesmo acontecerá com cada um de nós!
Estranhos viverão em nossas casas e possuirão tudo o que temos hoje, tudo absolutamente tudo. Até aquilo que guardamos com o maior cuidado e carinho e não permitimos que ninguém sequer coloque a mão, nossos tesouros particulares e todas as nossas propriedades passarão a ser de desconhecidos, que talvez nem nasceram ainda…
Nossos descendentes, sequer pensarão em nós após passar muito tempo, pois se você parar para pensar…Quantos de nós conheceu o pai do nosso avô e quantos de nós pensa neles ainda hoje? Conosco não será diferente! Depois que partirmos, seremos lembrados por alguns anos, mas para a próxima geração, seremos apenas um retrato na estante de alguém – como a foto que ilustra esta publicação – mais alguns anos, nem isso seremos mais.
Pare e pense nesse momento e perceba o quão ignorante e deficiente é o sonho e comportamento de querer conquistar tudo sem limites, às vezes colocando a própria saúde em risco e muitas vezes até amizades de longa data.
Se nós pudéssemos ter a consciência e refletir sobre isso antes de partirmos deste mundo, certamente nossas prioridades mudariam e com certeza elegeríamos outras prioridades, e teríamos mais paz de espírito.
Com certeza faríamos aquela viagem sempre adiada, aquela visita que nunca fizemos, aquele presente nunca dado, trocaríamos tudo para viver e desfrutar daqueles passeios que nunca fizemos.
Com certeza trocaríamos tudo o que conquistamos por tudo aquilo de prazeroso que deixamos de fazer e sempre adiamos, como aqueles beijos nos filhos e em nossos amores…Pare e pense! São momentos como esses, que enchem a nossa vida de alegria e que desperdiçamos dia após dia, como se fossemos viver aqui eternamente.
Porém, ainda há tempo de dar uma guinada em nosso modo de viver e aproveitar essa dádiva divina que nos foi dada de presente, que Mario Quintana traduziu tão bem em poema:
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.