Leondenis Vendramim

500 anos da Reforma Protestante – 7

02/03/2018

500 anos da Reforma Protestante – 7

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | Como citamos nos artigos anteriores, no final do século 15 e início do 16 houve um “boom” no mundo causado pelas cruzadas dos templários, também conhecidos como construtores, em francês “maçons”, contra muçulmanos e protestantes, trouxeram invenções e conhecimentos da pólvora, papel, de instrumentos como astrolábio, bússola, além de muito ouro; expandiram o saber, a arquitetura gótica, possibilitaram as grandes viagens marítimas, descobertas de novas terras (1492 Cristóvão Colombo chega a América; 1498 Vasco da Gama à Índia, 1500 Cabral chega ao Brasil e segue para as Índias), adveio o metalismo, o mercantilismo, a imprensa, a proliferação das faculdades. Os protestantes tinham, entre outros objetivos, que todos os seus seguidores lessem a Bíblia, para tanto porfiaram pela alfabetização, erudição e pela edição de folhetos, livros e principalmente a Bíblia. “A Bíblia já vinha sendo impressa em latim desde 1450 por Gutemberg, mas o Novo Testamento em grego preparado por Erasmo de Roterdã, que serviria de base para várias versões em línguas europeias, somente surgiria em 1516.” Dr. Marcos de Benedicto. Adv., out. 2017. Isto tudo causou a modernidade do mundo, propiciou a difusão dos conhecimentos protestantes e a Reforma Religiosa. O mundo socioeconômico era semelhante ao brasileiro atual. O alto clero e os nobres quase não pagavam impostos e com altos privilégios, viviam à custa do “Zé Povinho”. Os bispos, cardeais, e papas eram corruptos, imorais e opulentos insaciáveis.

Martinho Lutero (1483-1546) nasceu em Turíngia (Alemanha) de lar pobre, teve educação austera, mas muito bem cuidada por seus pais. Aos 5 anos, Lutero começou a estudar latim, aos 12 foi aluno de uma escola de uma irmandade religiosa em Magdeburgo. Em 1505 recebeu grau de Mestre em Artes da Universidade de Erfurt, e começou a estudar Direito. Para tristeza do pai entrou para um convento agostiniano de Erfurt. Em 1507 tornou-se professor de filosofia moral em Wittenberg. Doutorou-se em Teologia em 1512. Lutero teve uma farta produção literária, segundo o seu biógrafo Robert Kolb teve 30 publicações com 600 mil cópias e nada menos do que 20% de todos os panfletos publicados na Alemanha entre 1500 e 1530 eram de sua lavr;, depois de Cristo, ele foi o personagem mais biografado na história humana. (Idem, p. 13). No convento tinha vida de extenuantes penitências para purificar-se dos pecados. Conheceu o monge Staupitz, que se compadecendo dele ensinou-o a olhar para Jesus, o Salvador que perdoa os pecadores. Leur uma Bíblia em latim, aprofundou seus estudos da Palavra de Deus, especialmente as cartas paulinas aos Romanos e aos Gálatas. Viajou para Roma, onde se deparou com terríveis pecados cometidos pelos prelados. Disse ele: “Se há inferno, Roma está construída sobre ele: é um abismo donde se comete toda espécie de pecado.” G. Conflito, 125, citando D’Aubigné. Começou a pregar como pastor e doutor, que a Bíblia é a autoridade suprema acima do Papa, prelados e concílios. Estudava a filosofia aristotélica via Guilherme Occan, que a salvação vem através da revelação de Deus à razão.

Em 1513, ao subir ajoelhado a que se diz “escada santa” pela qual Jesus subiu no palácio de Pilatos, ia repetindo o “Padre Nosso” a cada degrau, lembrou-se “O justo viverá pela fé” (Ro 1:17; Gal 3:11) e sentiu a paz interior com Deus. Em 1515 começou lecionar em Wittenberg sobre Romanos. Em 1517 Leão X lançou forte campanha de venda de indulgências (vide artigo 3 desta série). O frade João Tetzel, vendedor ambulante das indulgências, assegurava que era embaixador do santo padre e que as indulgências tinham o poder de perdoar os pecados cometidos, bem como aqueles que ainda quisessem praticar, e de salvar vivos e mortos (Hist. da Reforma, J. H. Merle D’Aubigné). Lutero pregou contra tal poder das indulgências ensinando que nada a não ser o arrependimento dos pecados e a fé no sacrifício de Cristo e Sua graça pode salvar o pecador. “Na véspera do dia de Todos os Santos o Reformador reuniu uma multidão de membros de sua igreja de Wittenberg e afixou na porta 95 teses contra a doutrina das indulgências, declarando-as uma farsa para extorquir o povo. As teses desafiavam debate” (G. Confl, p, 130).

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Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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