Leondenis Vendramim

500 anos da Reforma Protestante – 3

02/02/2018

500 anos da Reforma Protestante – 3

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | Continuamos a escrever sobre as causas que motivaram a revolução religiosa contra a Igreja Católica. A Igreja se enriquecia às custas da credulidade fácil do povo. Já vimos que os papas Alexandre VI, o imoral; Júlio II, conhecido como Júlio o Terrível; Leão X, um dos maiores vendedores de indulgência; Sisto IV, nepotista extorquiam o mundo, vendendo cargos e também indulgências (doutrina do catolicismo, perdão adquirido pela compra ou aquisição de objetos tidos como sagrados, para mortos ou vivos).

Casos grotescos impostos pela Igreja que tiveram como consequência a revolução luterana. O Historiador Burns cita: “As igrejas da Europa possuíam (para vender como indulgências) pedaços de madeira da verdadeira cruz em quantidade suficiente para construir um navio. Nada menos de cinco tíbias do jumento montado por Jesus quando entrou em Jerusalém eram exibidas em lugares diferentes, para não falar em doze cabeças de João Batista … uma libra inteira do vento que soprou para Elias na caverna do Monte Horebe, além de duas penas e um ovo do Espírito Santo” (Hist. Da Civ. Ocid., v 1, p. 453). Frederico III, o Sábio (1453-1525), Príncipe Eleitor da Saxônia tinha uma coleção de relíquias, que segundo alguns chegava à 9 mil peças, dentre as quais havia: cinco pedaços da mesa em que Jesus tomou a Última Ceia com os discípulos, três pedaços da pedra onde o Mestre suou gotas de sangue, um fio da barba de Jesus, oito espinhos da coroa de Cristo e vinte e duas peças da santa cruz (Ver. Rev. Adv., Out/2017, p. 14. Dr. Marco De Benedito – Editor e escritor).

Johan Tetzel (1465-1519) frade dominicano, conhecido como Camelô de indulgências, vendia indulgências para perdoar pecadores, outras indulgências valiam também para pecados piores, por isso mais caras: “Ainda que tenha violado Maria mãe de Deus, será perdoado e irá para o paraíso”. Havia indulgências mais caras ainda, para pecados que ainda seriam cometidos. Conta-se que certo ladrão comprou indulgência de Tetzel e logo em seguida assaltou o frade. Tetzel o praguejou porque era dinheiro das indulgências. O ladrão então mostrou a indulgência que comprara do próprio Tetzel e fugiu gozoso. O Papa Leão X (1513-1521) como seu antecessor, mais preocupado com suas estátuas de mármore, eleito de forma pouco lícita, como vários outros, foi também o papa mais preocupado com a venda de indulgências para reforma da igreja de S. Pedro para 60.000 membros. É dele a propaganda: “Ao som de cada moeda que cai no fundo do cofre uma alma se desprende do purgatório e voa para o paraíso”. Segundo o historiador Burns o papado vendia dispensas para quebrar votos matrimoniais, quando entre primos, custava US$ 2,16; entre tio e sobrinha era mais cara, até 30 vezes esse valor. O valor da venda de indulgências era tão volumoso que o Papa Leão X negociou a transação com o banco Fuggers que cobrava 30% (Do Imag. À Santa Inquisição, 17).

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O papado usava de todos os meios para o enriquecimento. Possuíam enormes feudos como a Inglaterra e Irlanda. A Igreja estava entre as maiores escravocratas, excomungava aos senhores que davam alforria aos servis; foi uma das últimas a conceder liberdade aos escravos (ver Hist. Da Riqueza do Homem, 57). Pareciam, os papas do século 11 ao 16, em disputa para suprir suas volúpias e desejos faraônicos.

As Cruzadas, excursões militares, desde o séculos 11 até o início do 15 contra albigenses, valdenses e principalmente contra os orientais muçulmanos e judeus renderam-lhe fortunas inestimáveis, pois ficavam como mordomos dos bens dos cavaleiros, que geralmente morriam nas guerras ou pelos caminhos insalubres, ou em meio às epidemias pestíferas, ficavam ainda com parte das riquezas trazidas do oriente. Com a perseguição, os templários enriquecidos nessas cruzadas e em outros empreendimentos, fugiram para Portugal onde adotaram o nome de Cavaleiros da Ordem Cruz de Cristo, protegidos por D. Denis e liderados pelos Mestres D. João II e Infante D. Henrique. Construíram a Escola de Sagres, o Castelo de Tomar, Convento dos Cavaleiros de Cristo de Tomar (tombado como patrimônio Histórico pela UNESCO. Comparavam a vida nababesca papal e do alto clero com a vida de Jesus.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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