Leondenis Vendramim

500 anos da Reforma Protestante – 12

06/04/2018

500 anos da Reforma Protestante – 12

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | Em 1521, Jacob Probst, Prior do mosteiro agostiniano foi o primeiro defensor de Lutero a ser preso, mas abjurou publicamente. Em 1523 outros dois monges agostinianos Johan Esch e Heinrich de Voes se recusaram a abjurar e foram queimados vivos. O concílio de Arles (1235) obrigou os judeus a usar um remendo amarelo na roupa identificando-os como “não cristãos”. Entre 1371 e 1391 houve uma série de massacres de judeus e a elaboração da “pureza de sangue”. Sixto IV em 1478 editou a bula que orientou os reis espanhóis a nomearem inquisidores. “No dia 6 de fevereiro de 1481 foi instaurado o primeiro “auto de fé” como era chamado o processo inquisitorial na Espanha. Frei Alonso Hojeda foi incumbido do sermão inaugural e anunciação da queima de “herege”. Poucos dias depois novamente o povo assistia ao “espetáculo” público, mais três foram queimados (Henry Kamen. A Inquisição Espanhola, 49). Os judaizantes eram queimados, estrangulados ou enforcados. Tomás de Torquemada, frade dominicano espanhol foi o mais temível inquisidor. Nomeado pelo papa Inocêncio VIII e prestigiado pela rainha Isabel de Castela, promoveu uma feroz caçada contra bígamos, agiotas, judeus, homossexuais, bruxas e hereges; mandou para a fogueira mais de 2000 pessoas. Era tamanha sua fúria que foram nomeados três juízes como atenuantes da barbárie. Segundo Kamen de 165.000 a 400.000 judeus fugiram da Espanha e 50.000 assumiram o catolicismo para escapar da chacina. Giordano Bruno, teólogo dominicano e filósofo foi traído por um aluno e queimado pela inquisição em 1600. Catarina de Médici, “a Tirana,” “Viúva Negra” ofereceu aos protestantes o Tratado de Paz de Saint-Germain, ante o casamento de Marguerite de Valois (católica) com Henrique de Navarra (huguenote), tornando-o rei da França (Henrique IV). A 22 de Agosto, um agente de Catarina de Médici, católico, chamado Maurevert, tentou assassinar o Almirante Gaspard de Coligny, líder huguenote, acirrando os ânimos. Quando tudo se acalmou, na noite de 23 de agosto de 1572, repicaram os sinos da Catedral e os católicos invadiram as casas dos huguenotes em Paris, Lion e outras cidades, assassinando de 30000 a 100.000 protestantes. Foi conhecida como “Noite de São Bartolomeu”. Diz-se que o sangue tingiu o rio Sena, não se comiam peixes. Essa perseguição durou meses. Com o fim de pacificar a França, Henrique 4º assinou o Edito de Nantes (1598) dando liberdade religiosa parcial aos huguenotes. O rei foi assassinado pelo Monge François Ravaillac (1610) e o Edito de Nantes revogado por Luis 14 (1685). Os huguenotes fugiram da França para ruina econômica do país. Bartolomeu Lourenço de Gusmão (1685-1724), brasileiro, padre jesuíta (com 16 anos), advogado, membro da Academia Real de História, diplomata, inventor foi perseguido pela Inquisição por ser amigo de judeus e acusado de feitiçaria devido aos inventos. Centenas de milhares foram martirizadas e queimadas pela inquisição. Frei Hojeda, dominicano, foi implacável perseguidor dos “hereges” judeus. Os maçons também foram alvos da Inquisição. Clemente XII (1738) expediu um anátema à Maçonaria e entre 1760 e 1819 setenta e quatro maçons foram processados (Do Imag. à Sta. Inquisição, p. 180).

D. Manuel (1496) expulsou os judeus de Portugal, 2.000 judeus foram processados só em Lisboa (1506) (Saraiva. Hist. Conc. de Port.128). Em 1531 D. João III conseguiu do Papa Clemente 7º, em troca de enorme fortuna, autorização para instaurar a inquisição em Portugal e em suas colônias. A causa da inquisição era a fortuna dos judeus, inclusive para custear o casamento de D. Pedro. Nesse período 1379 judeus foram barbarizados e queimados vivos (Idem, p. 177). De acordo com a historiadora Novinski a inquisição portuguesa foi mais violenta do que a espanhola (A Inquisição, p. 36). Houve processo contra vários acadêmicos e contra o dramaturgo e poeta Gil Vicente (1466-1536). Os inquisidores portugueses queimaram milhares de brasileiros (de 1690 a 1820), 2097 brasileiros foram julgados em Portugal – só de S. Paulo perto de 500 foram presos e enviados à Portugal. Os donos de engenhos e de minas tinham até a roupa de cama com seu valor arrolado. Os julgamentos não permitiam apelação, nem ao papa, nem ao rei (Do Im. à S. Inq., 197-198).

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Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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