19/01/2018
500 anos da Reforma Protestante
ARTIGO | Embora tenhamos passado o ano 2017, o da comemoração da Reforma protestante, devido à sua magnitude e influência na nossa vida e sociedade holisticamente, resolvi escrever, e quiçá, ajudar a alguns esquadrinhadores do saber sócio religioso. A comemoração dos 500 anos da Reforma é mundial. Esse movimento teve como objetivo reformar a Igreja Católica, sem interesse de fundar uma nova igreja, mas alcançou cercanias: teológica, filosófica, histórica, geográfica, econômica, educacional, literária, ampliou os horizontes do saber, rompeu com o catolicismo e fundou outras congregações. É sumamente importante entendermos o contexto histórico ainda que suscintamente.
O século 15 foi um tempo recheado de fatos que culminaram na revolução protestante. Erasmo de Roterdã publicou o Novo Testamento em grego em 1516. Jhoannes Gutemberg (1395-1468) desenvolveu a máquina de impressão e tinta, que possibilitaram a publicação da Bíblia, em latim (1450), o primeiro livro impresso. O ensino “Sola Escriptura” e que todos devem conhecer e ler a Bíblia por si e participar dos cultos na igreja diferenciava muito do catolicismo onde os membros não tinham acesso à Bíblia, a prédica, a missa e toda liturgia eram em latim, As invenções do papel, pólvora, bússola trazidas do oriente bem como a do astrolábio náutico na década de 1480 facilitaram a navegação marítima permitindo mais segurança e acesso aos continentes ultramares. Devido aos conhecimentos adquiridos do Oriente, por meio dessas navegações, ao dinheiro dos templários cruzados, e às explorações das colônias houve politização e questionamentos. D. Dinis (1261-1325) fundou a Universidade de Lisboa em 1290. Perseguidos por Felipe 4, rei da França (1307) e pela Igreja Católica (1312) com o papa Clemente 5 e com a morte de seu Grão Mestre Jacques de Molay na fogueira, os templários fugiram para Portugal onde foram muito bem recebidos por D. Dinis. Os templários fundaram a Ordem dos Cavaleiros da Cruz de Cristo, uma sociedade secreta internacional, criaram a Escola Naval de Sagres (ou Lagos) em 1413, frequentada pelos experientes navegadores, geógrafos, cartógrafos, astrônomos como Gil Eanes, Pedro Escolar, Duarte Pacheco Pereira, Vasco da Gama, Ataíde Nicolau Coelho, Cristóvão Colombo, Pedro A. Cabral que receberam o título de “Grão Mestre”. Possuíam já em 1453, até mesmo os manuscritos da viagem de Marco Polo e o mapa do Brasil. Durante os séculos XV e XVI, Portugal e Espanha, privilegiados pela geografia, pela Escola Naval, pelo ouro dos Cavaleiros da Cruz de Cristo, pelo espirito de aventura e pela filosofia de vida (dizia-se: “Se queres enriquecer, sejas padre, ou viajes para novas terras”) (Do Imaginário à Santa Inquisição, p. 43) lançaram-se nos oceanos por novas rotas marítimas para as Índias e por novas terras. Foi o tempo das grandes navegações, das descobertas, do mercantilismo e explorações colônias, do metalismo, enriquecendo as metrópoles.
Os templários, foram famosos cruzados, trouxeram conhecimentos científicos e técnicos do Oriente. A invasão árabe no Ocidente também propiciou uma revolução de novas ideias e técnicas modernas. No século 15 houve um florescimento cultural chamado Renascença. As famosas construções góticas dos templários-maçons (construtores) enriqueceram a arquitetura. Surgiram talentos como Sandro Botticelli, Michelangelo di Lodovico, Leonardo da Vinci, Donato Bramante, Willian Shakespeare, Nicolau Maquiavel, e outros, que pela escultura, pintura, literatura e filosofia, formataram uma pré-revolução religiosa, romperam, em parte, com Igreja Católica. Eles enfatizavam o antropocentrismo em vez teocentrismo, criam na capacidade do homem, destacavam o racionalismo, o humanismo, o hedonismo (o homem deve desfrutar dos prazeres da carne e materiais) contrapondo à penitência, à resignação do catolicismo. A arte se distanciou da prédica religiosa, pendendo mais para o naturalismo e realismo, ocupando-se com temas não religiosos. Na literatura dedicavam-se a um lirismo amoroso, a contos heroicos de personalidades humanas e a contos metafóricos da mitologia greco-romana; usavam ainda de sátiras políticas, dos costumes sociais e sobre o clero.