A dita cultura de algumas regiões ainda massacra a sensibilidade feminina. Um mundo machista, repleto de ostentações preconceituosas, de dizeres febris que marcam a pele daquelas que lutam por uma posição social digna, e acaba transbordando no acarretamento de crimes hediondos, de estupidez inexplicável, de situações em que a saída para combater a liberdade do pensar é reprimida com a violência física. Recentemente, foi noticiado o assassinado de uma garota de 23 anos na Índia, atacada brutalmente por 6 homens dentro de um ônibus, e antes de ter sido deformada por uma barra de ferro, foi violentada sexualmente. Outro caso absurdamente inaceitável aos olhos do bom senso aconteceu na República das Maldivas. Uma jovem de 15 anos foi condenada a cem chibatadas. De acordo com as leis do país, a garota sofrerá a “punição” apenas quando completar 18 anos, por ter mantido relações sexuais e não ser casada. Porém, no extremo parecer dos fatos, o padrasto estuprou a jovem, e é ela quem será responsável por ser a vítima. O padrasto da garota além de cometer o crime, é acusado de engravidá-la e de matar o bebê, vida gerada pelo crime do estupro. A mãe também é acusada de não denunciar o abuso às autoridades, concordando em termos, com o estupro. O “8 de março” foi decretado por um grito, um afrontamento da liberdade contra um sistema de superioridade masculina. Esta data precisa ser diária, pois nada justifica o amordaçamento de qualquer livre-arbítrio, principalmente o das mulheres, que erroneamente está inserido na sociedade como a que deve consentir com tudo o que o homem fala, pensa, e supostamente “manda”. Quando o genial Nelson Rodrigues (Escritor e Jornalista) disse a polêmica frase: “Eu não digo que toda mulher gosta de apanhar, só as normais. As neuróticas reagem”, houve um rebuliço mal interpretado sobre a oração pronunciada. Nelson se referiu à intimidade do casal, implicitamente no que acontece entre 4 paredes, e não na convivência social entre Homem e Mulher, deixando a natureza feminina, assim como ela é, num patamar prazerosamente colocado à posição de “receber e germinar”. Colocando a frase no seu contexto histórico, Nelson respirou toda a “malandragem” dos subúrbios Cariocas, e isso contribuiu, indiscutivelmente, para a sua formação literária epessoal.
História
Operárias de uma fábrica têxtil, localizada em Nova Iorque (EUA), bradaram aos quatro cantos do mundo a insatisfação de serem tratadas e diminuídas pelo machismo impregnado na cultura mundial, fazendo uma verdadeira greve e revolução em 8 de março de 1857. As empregadas ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tendo como principal foco a redução na carga diária de trabalho para dez horas, quando as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário. Também queriam a equiparação de salários com os homens, sendo que elas recebiam menos do que a metade dos homens recebiam para fazer o mesmo trabalho, e tratamento digno dentro do ambiente onde estavam exercendo a profissão. A manifestação foi reprimida com uma crueldade descomunal. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, e então atearam fogo. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas. Somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem às mulheres que morreram na fábrica em 1857, mas posteriormente, no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).
No Brasil
Um ideal na história da mulher brasileira foi materializado no dia 24 de fevereiro de 1932. Nesta data, as mulheres conquistaram a institucionalização do voto feminino, além do direito de serem eleitas para cargos no executivo e legislativo.
Violência
Somente no ano de 2011, em todo o Brasil, 37.717 mulheres, entre 20 e 59 anos, foram hospitalizadas por causa da violência e maus-tratos. Esses dados foram levantados pelo Ministério da Saúde no dia em que a Lei Maria da Penha completou 6 anos. Segundo o Mapa da Violência (2012), em termos mundiais, o Brasil ocupa a posição de 7º lugar entre os países que possuem o maior número de mulheres mortas, num montante de 87 países. De acordo com Eva Alterman Blay (Socióloga e professora universitária brasileira), no país, “cinco em cada dez homicídios são cometidos pelo esposo, namorado, noivo, companheiro, amante. Se incluirmos ex-parceiros, este número cresce. Em sete de cada dez casos, as mulheres são vítimas de homens com os quais tiveram algum tipo de relacionamento afetivo”. (Do artigo “Violência contra a mulher e políticas públicas”) A DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), em Capivari, somando as queixas registradas pelas vítimas de agressão da cidade de Capivari e Rafard, tem o registro de mais de 200 casos de violência doméstica, somente no ano de 2012.
Homenagem
Para saudar as mulheres no ‘8 de março’, nada melhor do que agregar a poesia de Walt Whitman (Poeta e ensaísta norte-americano) à inspiração que elas transmitem, impreterivelmente, aos que cultuam a verdadeira beleza feminina, não a corpórea, mas a que transcende. Esta é a Forma Fêmea “Esta é a forma fêmea: dos pés à cabeça dela exala um halo divino, ela atrai com ardente e irrecusável poder de atração, eu me sinto sugado pelo seu respirar como se eu não fosse mais que um indefeso vapor e, a não ser ela e eu, tudo se põe de lado artes, letras, tempos, religiões, o que na terra é sólido e visível, e o que do céu se esperava e do inferno se temia, tudo termina: estranhos filamentos e renovos incontroláveis vêm à tona dela, e a ação correspondente é igualmente incontrolável; cabelos, peitos, quadris, curvas de pernas, displicentes mãos caindo todas difusas, e as minhas também difusas, maré de influxo e influxo de maré, carne de amor a inturgescer de dor deliciosamente, inesgotáveis jactos límpidos de amor quentes e enormes, trémula geleia de amor, alucinado sopro e sumo em delírio; noite de amor de noivo certa e maciamente laborando no amanhecer prostrado, a ondular para o presto e proveitoso dia, perdida na separação do dia de carne doce e envolvente. Eis o núcleo – depois vem a criança nascida de mulher, vem o homem nascido de mulher; eis o banho de origem, a emergência do pequeno e do grande, e de novo a saída. Não se envergonhem, mulheres: é de vocês o privilégio de conterem os outros e darem saída aos outros – vocês são os portões do corpo e são os portões da alma. A fêmea contém todas as qualidades e a graça de as temperar, está no lugar dela e movimenta-se em perfeito equilíbrio, ela é todas as coisas devidamente veladas, é ao mesmo tempo passiva e ativa, e está no mundo para dar ao mundo tanto filhos como filhas, tanto filhas como filhos. Assim como na Natureza eu vejo minha alma refletida, assim como através de um nevoeiro, eu vejo Uma de indizível plenitude e beleza e saúde, com a cabeça inclinada e os braços cruzados sobre o peito – a Fêmea que eu vejo”.
Na Câmara
A Câmara Municipal de Capivari homenageará as mulheres no Dia Internacional da Mulher, nesta sexta-feira (8), às 17h, no Plenário da Casa de Leis. O evento reunirá 13 mulheres indicadas pelos vereadores da cidade para que recebam uma homenagem pelo seu dia. O presidente da Câmara, Valdir Antônio Vitorino, disse que a ocasião é muito importante para o Legislativo, pois representa a gratidão pelo importante papel que a mulher desempenha no desenvolvimento da sociedade. “A mulher é o símbolo da mudança e do crescimento da sociedade e nós temos que homenageá-las todos os dias, com ações de respeito e carinho, e neste dia, em especial, por meio das homenageadas, parabenizar a todas as mulheres do nosso município pela data”, concluiu.