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João Milioni fixa prazo para terminar livro sobre saga do cangaço: dezembro deste ano

Escolha visa estabelecer a viabilização da publicação, já que ele considera cada fato novo apurado mais interessante que os anteriores e com isto adia a conclusão e a obra fica cada vez maior

Para concluir a jornada literária incomum em que se envolveu, o escritor João Carlos Milioni, Cadeira 21 da Academia Saltense de Letras, estabeleceu dezembro deste ano como prazo final para concluir o seu novo livro sobre a saga do cangaço.

É que ele é um apaixonado pelo tema e considera cada fato novo que coleta mais interessante que os outros, o que tem feito com que o livro fique cada vez maior e que vá adiando a sua efetiva finalização.

João Milioni em palestra. Foto: Divulgação

“Já cheguei à conclusão de que não poderei colocar todas as informações que consegui e nem as que ainda poderia conseguir, porque isto tornaria o livro inviável economicamente falando. Eu já escrevi mais de 300 páginas. Acredito que ele deva chegar a 600 no final. Quanto mais páginas ele tiver, mais caro ficará e menos interesse despertará. Por isso, estou enxugando e fixei data para chegar à meta de fazer um livro atraente, informativo e respeitado”.

João Milioni ainda pretende fazer mais duas viagens ao norte/nordeste para levantar e checar as últimas informações. Com esses detalhes em mãos, ele voltará para a escrita. Depois será um trabalho de depuração do material para chegar a um volume viável.

“Quero que esse número de páginas permita contar toda a história, mesmo que ela não possa ter toda a riqueza de dados que consegui em toda a trajetória da pesquisa de campo”, lamentou-se.

Reconhecimento

A ideia de contar fatos históricos pouco explorados da vida de Lampião e seu bando surgiu em 2015, quando João Milioni conheceu José Sabino Bassetti, um profundo conhecedor do tema. O escritor indicou Bassetti para integrar a Academia e foi beber da fonte de conhecimentos dele para conhecer Lampião. Depois, ambos começaram a pesquisa de campo para produzir o livro juntos. Mas Bassetti morreu em 2020 vítima de um câncer agressivo no cérebro.

Nos últimos dias de vida do amigo, João Milioni se comprometeu com ele que daria continuidade ao livro. Bassetti tinha escrito apenas seis páginas manuscritas à época.

“Eu queria fazer uma homenagem à altura dele. Por isso, fiz uma pesquisa com profundidade e fui buscar o inusitado, o especial, o diferencial. Muito já se escreveu sobre a saga do cangaço. O que estou fazendo é algo diferente para marcar essa história com o nosso olhar de escritor”, disse.

O resultado desse trabalho ficou tão extenso que João Milioni não conseguiu contar aos acadêmicos tudo o que conseguiu em uma única palestra. Convidado do “Momento Literário”, espaço criado pela atual diretoria para falar de literatura nas reuniões ordinárias mensais, ele teve de dividir em duas apresentações e ainda assim muita coisa ficou de fora.

“Para o livro, várias cenas que eu fiquei maravilhado de conhecer, vão virar um ou dois parágrafos só”.

Desbravador

Ao completar mais um aniversário na quarta-feira, 1º de maio, o escritor se definiu como um desbravador. “A cada dia descubro alguma coisa nova. Vivo fuçando coisas novas. Acho que a literatura nos coloca nessa posição de prospectar. Não só em relação à saga de Lampião e seu bando, mas para tudo. Ninguém sabe o que vai encontrar no próximo porto dos sete mares da vida, mas sabe que alguma coisa surpreendente por certo estará lá”.

O escritor não se prende a estilos ou gêneros. Ao contrário, gosta de vários.

“Acho que sou um aprendiz de tudo que me interessa e no momento quero falar do cangaço. Poderia lançar o livro rapidamente, já que tenho boa parte pronta, mas quero produzir um belo livro, que principalmente o meu saudoso amigo Sabino goste. Com todo o material que consegui nesses anos e que ainda vou conseguir nessas viagens finais, tenho certeza de que vou conseguir”.

Autor de “A brilhante amizade”, “A ópera da natureza”, “Planeta mãe”, “Obstinado” e “O compadre de João Carrasco” (esta também peça teatral), João Milioni fala de projetos literários para o futuro com o sonho nos olhos que brilham. “A literatura fascina e prende, mas nem sempre conseguimos tempo e oportunidade para realizar tudo aquilo que sonhamos. Então quero fazer isto agora. Estou mais maduro e pronto e vou encarar todas as dificuldades”, afirmou.

Recomendações

Quem escreve, sugere leitura. Entre seus recomendados, Milioni propõe “Chapadão do Bugre”, de Mário Palmério, e “O avesso da pele”, de Jéferson Tenório, mostrando seu apreço tanto pelos clássicos quanto pelas novas vozes da literatura brasileira.

Para aqueles inclinados à literatura internacional, ele aponta ainda para “Mundo Sem Fim” de Ken Follett, um clássico que captura a imaginação e o rigor histórico que João Milioni tanto admira.

Para o escritor, aniversariar no Dia do Trabalho, quando a maioria das pessoas descansa, é um paradoxo, pois ele é um exemplo vivo de que a vocação não repousa, nem no próprio aniversário.

Ele escolhe honrar a data com o que mais ama fazer: criar, explorar e educar através da literatura. Seu legado vai além das obras publicadas. Ele é uma demonstração fervorosa de que a literatura pode realmente transformar vidas e moldar o entendimento cultural.

Nascido pelas mãos de uma parteira, já que o médico não veio a tempo, ele sabe bem o que é enfrentar dificuldades desde lá.

O menino veio ao mundo com 3,950 kg e 51 cm. As dificuldades se seguiram com as inúmeras mudanças de casa por conta das trocas constantes de trabalho do pai.

Quando nasceu, João morava em São Paulo. Depois mudou-se para Itatiba, Jundiaí, novamente São Paulo e só então Salto, onde vive até hoje e constituiu família.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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